A operadora carioca Assim Saúde, contratou o Itaú BBA para estruturar a venda da companhia. A informação foi publicada pelo Valor Econômico, em matéria assinada por Fernanda Guimarães e Beth Koike nesta terça-feira (05). Segundo fontes ouvidas pelo jornal, a operação ocorre em um momento aquecido para transações de fusões e aquisições (M&As) no setor de saúde, com os principais conglomerados buscando crescimento inorgânico.
De acordo com a reportagem, um forte interessado seria o fundo de private equity Bain Capital, que anteriormente esteve no comando da NotreDame Intermédica, outra verticalizada que se fundiu com a concorrente Hapvida em 2021. Além disso, fontes indicam que Hapvida e Amil também demonstraram interesse no grupo, responsável por uma operadora de planos de saúde que reúne 525 mil usuários e possui uma rede própria de cerca de seis hospitais no Rio de Janeiro.
Com relação ao interesse da Amil na Assim Saúde, o Blog já antecipou [veja aqui] em outra ocasião, mesmo com a incredulidade de alguns.
Na verdade, a venda do grupo já vinha sendo levantada nos bastidores desde o falecimento de seu fundador, Aziz Chedid Neto, em 2020. Fontes relataram ao Valor que, enquanto vivo, Aziz se opôs à ideia do negócio. Após sua morte, o ex-presidente João Carlos Regado, que faleceu em maio, chegou a dialogar com representantes da Amil quando a Assim ainda não tinha um banco contratado para assessorar a operação. O Blog do Corretor sempre esteve no rastro dessa operação.
Por outro lado, a Assim Saúde, como sempre acontece nesses casos, negou as informações sobre a venda de sua operação e a contratação do Itaú BBA como consultor financeiro. O grupo classificou os rumores como mera especulação de mercado.
Há cerca de três anos, a empresa havia sido avaliada em aproximadamente R$ 2 bilhões, com base nos múltiplos de mercado da época, que giravam em torno de 15 vezes. No entanto, atualmente esses mesmos múltiplos estão mais próximos de 6 vezes, tornando o valor outrora sugerido elevado para os padrões do setor. Em 2024, a Assim registrou receita líquida de R$ 2,5 bilhões e lucro operacional de R$ 29,1 milhões. Apesar disso, a empresa enfrenta desafios financeiros, como o fato de sua rede hospitalar própria operar com baixa taxa de utilização pelos clientes, o que resulta em prejuízo de caixa, segundo apurado pelo jornal.
Além do interesse na Assim Saúde, a Hapvida também analisa a carioca Leve Saúde, uma operadora de planos voltados para a terceira idade. De acordo com o Valor, a Leve Saúde tem discutido com fundos de investimento a possibilidade de vender uma fatia minoritária da empresa. A Leve afirma que não há negociações com a Hapvida. Por sua vez, a operadora pertencente à família Pinheiro informou que não comenta rumores de mercado.
O mercado de saúde do Rio de Janeiro passa atualmente por um momento delicado, incluindo a crise financeira vivida pela Unimed Ferj (que adquiriu a carteira da Unimed-Rio) e o previsível fechamento das atividades da Golden Cross. Ainda segundo as informações da matéria do Valor, hospitais, clínicas e laboratórios na cidade enfrentam dívidas que somam cerca de R$ 2 bilhões, deixadas por essas operadoras.
Enquanto isso, a Hapvida tem adotado uma estratégia de expansão orgânica e já anunciou o investimento de R$ 380 milhões na construção de um hospital de alta complexidade com 250 leitos, além de três centros médicos na Região Metropolitana do Rio. A previsão é que a expansão seja concluída até o final de 2026. Atualmente, a empresa já opera quatro hospitais no estado.
Procurada pela reportagem do Valor, a Amil deu aquela resposta clássica: “avalia continuamente oportunidades de negócio que fortaleçam seu posicionamento e o sistema de saúde”, mas ressaltou que não comenta especulações. Já a Bain Capital afirmou não estar envolvida nessa transação. Só vendo pra crer.