A Folha bem que tentou, mas não conseguiu melar a Copa do Mundo no Brasil. Com o seu complexo de vira-lata e a sua visão neoliberal de negação do Estado, o jornal da famiglia Frias fez de tudo para criar um clima desfavorável ao torneio.
Durante vários meses, sua cobertura foi totalmente negativa e seletiva, enfatizando os atrasos nas obras, os custos da competição e a incapacidade dos brasileiros de organizarem o evento. Sempre avessa aos movimentos sociais, a Folha até criou um ?protestômetro? para amplificar os protestos contra a Copa. Em seu editorial desta quinta-feira (12), porém, o jornal finalmente jogou a toalha e anunciou no título, meio a contragosto: ?Vai ter Copa?.
No fundo, a Folha nunca esteve muito preocupada com os jogos e nem pretendeu combater a paixão nacional pelo futebol. A Copa serviu apenas de pretexto para atacar o governo Dilma ? já que o jornal é militante do ?posicionamento oposicionista?, conforme confessou Judith Brito, executiva do Grupo Folha e ex-presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ).
Mesmo agora, reconhecendo tardiamente que “Vai ter Copa”, o jornal não abdica da sua posição intransigente contra a presidenta. ?Apoiar a seleção brasileira não significa ignorar os muitos problemas do país; o eventual sucesso em campo nada diz sobre os governos?, afirma o rancoroso editorial.
No maior cinismo, o jornal afirma que ?aquele clima de Copa do Mundo, sensação que ninguém explica, mas todos reconhecem, chegou mais tarde do que em anos anteriores ? e muito atrasado em relação ao que seria de esperar sendo o Brasil o anfitrião do evento. Mas chegou. O país do futebol enfim se revela nas bandeiras, ainda um pouco tímidas, que pegam carona nos carros ou se exibem nas janelas?.
A Folha só não faz qualquer autocrítica da sua cobertura enviesada, que ajudou a criar este clima “tímido”. “Sem abandonar o espírito crítico, mas reconhecendo a importância do futebol para o país, esta Folha deseja boa sorte à seleção brasileira”. Alguém acredita nesta torcida?
Altamiro Borges – Jornalista – Carta Maior