Por João Paulo Silveira – Domicile Home Care
Mesmo com o aparente arrefecimento da segunda onda de Covid-19 no Brasil, hospitais seguem lutando com a falta de medicamentos e ausência de leitos de UTI para atender de forma satisfatória pacientes mais graves com a doença. Uma grande alternativa para combater um desses problemas é o home care, o atendimento em saúde feito em casa. O que antes era uma resistência de muitos, hoje o setor de home care se desdobra para atender a alta na demanda por este tipo de serviço. Segundo especialistas e empresas da área, a procura por esse tipo de serviço teve alta de até 40% no último ano, se comparado com o período pré-pandemia.
Mais do que atender de forma satisfatória neste árduo momento para a humanidade, os players de mercado, como operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços precisam encontrar um equilíbrio financeiro para todas as partes. Um modelo que promete revolucionar o mercado, quando bem implantado, é o do pagamento por performance (P4P / Pay For Performance), que leva em conta indicadores clínicos e operacionais no cálculo da remuneração do prestador de serviço.
O tradicional modelo de pagamento, o fee for service, não irá desaparecer, mas tem que ser utilizado apenas nas situações que o P4P não é viável. Para que o modelo P4P deslanche no Brasil, é preciso que haja mais consultorias e profissionais que desenhem um sistema sustentável e confiável. Esse método de remuneração tem necessidade de uma transparência total dos dados, e essa mudança cultural pode levar um tempo até que o mercado confie e se adapte às mudanças necessárias para que ocorra sua implementação. Para as operadoras de planos de saúde, é possível citar três grandes facilidades que o chamado pagamento por performance oferece: maior foco no core business, otimização de custos, diminuição drástica de desperdícios, redução da sinistralidade e, principalmente, o melhor desfecho clínico para o paciente.
A implantação do pay for performance, nesse cenário, equaliza a tríade da saúde: custo, acesso e qualidade. É certo que a evolução para o método pay for performance ou fee for value na saúde suplementar se dará de maneira gradual. Tanto as instituições prestadoras de serviço quanto os profissionais perceberão os expressivos ganhos, mas é o paciente, em primeiro lugar, que sentirá os benefícios.
Aliás, o melhor desfecho clínico possível é uma das principais bandeiras levantadas pelo home care. O atendimento médico domiciliar é capaz de retirar pessoas que estão estáveis em leitos de UTI e levá-las para casa para tratamento em uma semi-intensiva. As empresas de home care oferecem toda a estrutura para que o paciente tenha um cuidado tão eficiente como se estivesse no hospital, no conforto do seu lar. A alta para home care de um paciente estável reduz os riscos de infecções hospitalares.
Hoje, o home care já representa cerca de 20 mil leitos no Brasil e se apresenta como um mercado com enorme potencial de crescimento. Ainda temos muitos pacientes agudos internados em hospitais, quando eles poderiam ser tratados em casa, com maior segurança e proximidade da família. Se retirarmos o home care de circulação, teremos que criar cerca de 20 mil novos leitos em hospitais pelo Brasil.
João Paulo Silveira é CEO e fundador da Domicile Home Care, assistência médica em domicílio e é membro do Conselho Fiscal Efetivo da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP). Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo Hospital das Clínicas Da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), já trabalhou em locais como o Grupo Hospitalar SOBAM/Hospital Pitangueiras com assistência domiciliar e, antes disso, como fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital São Camilo. Além disso, possui curso de liderança 360 na Faculdade Getúlio Vargas (FGV), MBA em administração hospitalar e sistemas de saúde pela Fundação Getúlio Vargas.