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A Unimed Paulistana foi por muito tempo uma alternativa a qual o corretor recorreu, sempre que o seu cliente sinalizou pela preferência de um plano bom, mas com preço razoável.
Um plano com hospital próprio, ótima rede credenciada, bons laboratórios, tabela com preços competitivos em diferentes categorias, boa aceitação junto aos consumidores, enfim.
Já expressamos aqui o nosso desejo de ver a Unimed Paulistana riscada da lista negra da ANS e seus produtos sendo comercializados normalmente.
Isso é bom para todos e tem um importante significado num momento em que, cada vez mais, temos a impressão de que as operadoras estão sendo sugadas por um processo de afunilamento seletivo.
O caminho tem ficado cada vez mais estreito e a Unimed Paulistana está tendo dificuldade de passar por ele.
O pior de tudo é perceber que essa instabilidade da operadora não é uma zona de turbulência e, portanto, momentânea; ao contrário, é recorrente.
Já foram várias explicações que a Unimed teve de dar para justificar os abalos que ameaçaram seus alicerces. Um dos mais recentes foi o caso da bitributação.
Agora o buraco é mais em baixo. E bem maior.
Segundo revelou ao blog, um médico cooperado, a Unimed não vai bem por um único motivo: “má gestão da atual diretoria” – diz.
“É um absurdo a Executiva da Unimed Paulistana manter uma despesa de R$ 30 mil mensais para garantir um camarote no Credicard Hall”, dispara o nosso interlocutor ao mesmo tempo em que diz que o valor de R$ 67 milhões é somente a metade do valor que a ANS exige da Paulistana, à vista.
Mais preocupante ainda é saber que, não obstante essa dívida milionária com a ANS, a Unimed está proibida pela Agência de comercializar seus produtos tradicionais, como bem sabemos. Essa proibição fechou algumas torneiras por onde entravam recursos, sem contar o prejuízo de R$ 2 milhões acumulados no ano.
A saída que a Unimed encontrou foi a de dividir o prejuízo, propondo um aporte assumido por cada um dos seus médicos cooperados os quais questionam o valor e a forma como ele será pago.
O valor das parcelas privilegia uns em detrimento de outros, já que, quem ganha de R$ 200 mil até R$ 296 mil, pagaria 18 chegues de R$ 42 mil. E quem ganha de R$ 700 mil até R$ 1 milhão e 400 mil, pagaria 18 cheques R$ 65 mil. Segundo o cooperado, além de tudo é uma proposta injusta porque quem ganha menos paga mais e quem ganha mais paga menos.
E enquanto essas questões políticas da Executiva da Unimed Paulistana estão trincando ainda mais as relações entre situação x oposição, a Agência Nacional de Saúde ameaça intervir definitivamente na Unimed, caso o valor exigido não seja pago na forma e no tempo estabelecidos.
Como se não bastassem as cores sombrias com as quais esse médico pintou o quadro da Unimed, a operadora, segundo ele, já teria perdido apoio político junto aos cooperados, cuja maioria não quer pagar esse aporte. A operadora teria perdido, ainda, o apoio das outras Unimeds e até da FESP, cujo intercâmbio já havia sido rompido fazendo com que as outras Unimeds não atendam mais os associados da Paulistana.
O médico revela ainda que a Unimed não poderia mesmo estar bem porque, além de manter mordomias, conta com 2.500 cooperados para atender cerca de 1 milhão de vidas. “É um problema de gestão” – desabafa.
Associar mais cooperados, como a Unimed estaria tentando fazer, no entender dele, é mais um esforço sísifo, pois, em última análise, não seria vantajoso para o novo cooperado, porque este já entraria num negócio pagando uma dívida que ele não contraiu.
É, parece que os médicos que estão ao redor do leito da Unimed Paulistana não quiseram falar a verdade para a família.