Neste final de semana, uma revista de grande circulação, veiculou em suas amarelas páginas uma entrevista com Edson de Godoy Bueno, fundador do Grupo Amil e personagem principal no cenário brasileiro do mercado de planos de saúde e agora coadjuvante no mercado estadunidense com 0,9% das ações da UnitedHealth Group.
A confirmação da venda da Amil, hoje com 5 milhões de clientes, para uma empresa que fatura 20 vezes mais, 115 bilhões de dólares, com 80 milhões de clientes, significará a médio prazo, um divisor de águas nesse rico mercado que não para de crescer e de se modificar.
É perfeitamente possível ler nas entrelinhas, tanto na entrevista de Bueno, quanto no teor da fala de Heráclito Brito e de Júnior (Diretor e CIO da Qualicorp, respectivamente), na ocasião da teleconferência com acionistas, a inclinação do mercado brasileiro em adotar, definitivamente, o sistema de co-participação.
Uma leitura menos analítica da entrevista com o fundador da Amil, pode resultar numa interpretação equivocada, sobretudo quando Bueno estabelece uma ponte entre o rico e o pobre e suas diferentes formas de uso do plano.
Por mais arrogante que possa parecer, Edson Bueno está correto na sua análise. O brasileiro precisa aprender a usar o seu plano de saúde.
Ninguém deve ir ao médico porque não tem o que fazer, ou, simplesmente, porque “Ah, já que estou pagando eu vou usar mesmo” – como já foi ouvido da boca de um cliente por este que escreve.
Outros, ainda, pagam uma fortuna pelo seguro do seu automóvel, mas se recusam a pagar um plano de saúde. Deixam para fazê-lo quando adoecem ou quando se deparam com uma gravidez na família e de alguma forma tentam levar vantagem com o plano. Seja omitindo nas respostas da declaração de saúde, ou criando outro tipo de fraude. Em alguns casos, em conivência com o vendedor.
Não por acaso a Sul América Seguros e a Qualicorp estão criando (ou já criaram) departamentos exclusivos para este fim: identificar fraudes nos processos de implantação.
Tudo indica que, com essa operação pente fino, em breve, não haverá mais lugar no mercado para os corretores desonestos e nem para os clientes adeptos à lamentável “lei de Gérson”.
O modelo do mercado de planos de saúde no nosso país, pode ainda não ser o ideal para o cidadão brasileiro, mas ele (o cidadão) também precisa se tornar um cliente ideal.
Com isto, num futuro não muito distante, teremos um sistema mais democrático, afinal, segundo Bueno, ainda temos muito a crescer “Eles [os estrangeiros] sabem que o Brasil é um país de oportunidades, onde há muito por ser feito. Todas as empresas de todos os setores, estão de olho em nós. Basta dizer que 80% dos americanos têm planos de saúde, enquanto só 25% dos brasileiros têm. (…) Acredito ser possível chegar a 100 milhões de usuários, que significaria dobrar o alcance dos planos para 50% da população. (…) Agora, outras estrangeiras virão, e isso vai revolucionar o setor”, disse Bueno.
Quem viver, verá!