Proibida de comercializar seus principais planos de saúde há seis meses, a Unimed Paulistana enfrenta situação financeira delicada. A cooperativa, que conta com 907,5 mil clientes, prevê encerrar o ano com perdas de R$ 100 milhões e receita de R$ 2,8 bilhões. No ano passado, a Paulistana já amargava um prejuízo de R$ 25,4 milhões e receita de R$ 2,5 bilhões, segundo balanço contábil, que recebeu um parecer de “opinião adversa” (quando são apontadas irregularidades) da KPMG.
Diante dos números negativos, a Paulistana criou um fundo no valor de R$ 67 milhões para cobrir as provisões técnicas e margem de solvência – reservas exigidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Para angariar esses recursos a Paulistana acionou os seus 2,5 mil médicos cooperados. Eles podem pagar o valor solicitado à vista (com desconto) ou parcelar em até 16 vezes. Até o momento, 2 mil cooperados já fizeram seus aportes, que somam R$ 45 milhões. Os médicos são também avalistas da cooperativa – os resultados são partilhados quando há lucro e as perdas devem ser cobertas.
A Unimed Paulistana é a segunda maior cooperativa do país, perdendo apenas para a Unimed-BH que tem mais de 1,2 milhão de clientes. A Paulistana tem um papel relevante no sistema das cooperativas médicas. Os usuários das Unimeds de outras regiões do país, que possuem um plano com cobertura nacional, podem ser atendidos também por médicos e hospitais credenciados de São Paulo, praça referência na área da saúde. Mas as Unimeds são independentes. Há no país cerca de 370 Unimeds, com CNPJs distintos e gestões autonômas.
A Unimed Paulistana enfrenta uma situação financeira complicada há pelo menos três anos, quando reconheceu um passivo fiscal da ordem de R$ 1,1 bilhão. Deste total, R$ 700 milhões são referentes a Imposto Sobre Serviços (ISS), sendo que R$ 530 milhões foram negociados por meio do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), da Prefeitura de São Paulo.
Por conta do passivo fiscal, a ANS instaurou na Unimed Paulistana, entre setembro de 2009 e março de 2011, um regime de direção fiscal, quando um diretor nomeado pela agência atua dentro da empresa, acompanhando de perto o negócio.
Mas em junho deste ano, a cooperativa enfrentou outro revés. Foi proibida de comercializar 37 dos seus 80 tipos de planos de saúde, por determinação da ANS. A cooperativa médica foi punida pela ANS porque não cumpriu prazos de atendimento médico. Uma consulta precisa ser agendada em sete dias úteis e sessões com psicólogos e nutricionistas em dez dias no máximo, por exemplo.
“A Unimed Paulistana está sempre com contato com a ANS para adequar o que for preciso de acordo com a entidade. Há meses, por exemplo, já ampliamos o número de colaboradores do call center em 15%. Também realizamos treinamento dos colaboradores do call center visando a melhorar o atendimento dos clientes. Fizemos a revisão dos processos de autorização, para reduzir o tempo médio de liberação de exames e cirurgias”, informou a Unimed Paulistana. A cooperativa também aprovou 26 novas modalidades de planos de saúde.
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