Manchete de Veja desta semana: "Como o PT está afundando a Petrobras" deveria ser: "Como o PT e nosso chefe afundaram a Petrobras".
Sim, como se sabe, o executivo Fábio Barbosa, presidente da Abril, que edita Veja, foi conselheiro da Petrobras entre 2003, primeiro ano do governo Lula, até 2011, segundo ano do governo Dilma.
Nesse longo período, ele recebeu jetons, ganhou pontos no currículo e não há registros de votos divergentes da maioria do conselho. Barbosa, inclusive, votou a favor da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras.
Isso significa que se a Petrobras afundou na era Lula-Dilma, Barbosa é também co-responsável. Nos últimos dez anos, a empresa anunciou diversas descobertas do pré-sal e se tornou uma das maiores detentoras de reservas do mundo. Anunciou também um dos maiores programas de investimento da indústria petroleira e, no regime de partilha, tornou-se exploradora de Libra, o principal campo do pré-sal, em parceria com a Shell e duas empresas chinesas.
No entanto, segundo Veja, a Petrobras afundou, embora a lembrança mais próxima a essa imagem seja a da plataforma P-36, que, sim, afundou no governo FHC.
Impressionante é que depois de tantos problemas na Petrobras, Fábio Barbosa ? co-responsável pelos " desmandos", repita-se ? continue presidente da Abril.
Será que ele não irá também afundar a editora dos Civita?
A imprensa tucana fez do mensalão petista literatura de Cordel e agora, com a proximidade das eleições, está fazendo o mesmo com a Petrobras; não por acaso a audiência do Jornal Nacional despenca ladeira abaixo. Em São Paulo, o jornal, ancorado por Willian Bonner e Patrícia Poeta, fechou com 22 pontos no Ibope, números inferiores ao do jornal local, SP TV.
Enquanto isso, o mensalão do PSDB segue impune e os escândalos do propinoduto envolvendo o Metrô, a CPTM, a máfia dos fiscais da prefeitura, entre outros, seguem tão abafados quanto os pedidos de CPIs para apurar a roubalheira.
Tendenciosa, manipuladora, partidária e em campanha midiática pela privatização da Petrobras, a revista Veja é tudo, menos um veículo de comunicação no qual se possa confiar.
Adaptado do 247