Luiz Carlos Trabuco e Lázaro Brandão – compraram o HSBC e querem trabalhar em paz
. Em entrevista ao jornal dos Frias, Trabuco, o todo poderoso do Bradesco, comemora a compra do HSBC e manda um recado aos aloprados golpistas. "Precisamos sair desse ciclo do quanto pior, melhor. Melhor para quem? Para o Brasil, não é. As pessoas precisam ter a grandeza de separar o ego pessoal do que é o melhor para o país." Coincidência ou não, nesta sexta-feira 7, a TV dos Marinhos surpreendeu com um editorial em defesa da presidenta Dilma. Antes, na quarta-feira 5, João Roberto Marinho pediu encontro com senadores do PT. Fair play? Veja abaixo, os principais trechos da entrevista do presidente do Banco Bradesco, agora, na cola do Itaú. .
A crise política é mais forte que a própria crise econômica. Isso abala a confiança e retarda a retomada. Todos os participantes desse processo ?políticos, Executivo, autoridades? têm de pensar grande. Precisamos ter a grandeza de buscar a convergência. O Congresso tem contribuído para buscar soluções ou apenas tumultua o ambiente e cria desgastes para o governo?
Eu tenho dificuldades, até pelo meu escopo de trabalho, de opinar sobre determinadas atitudes do momento. Mas precisamos sair desse ciclo do quanto pior, melhor. Melhor para quem? Para o Brasil, não é. As pessoas precisam ter a grandeza de separar o ego pessoal do que é o melhor para o país.
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Mas essa é uma inflação corretiva, que está equacionando uma diferença de preços e tem prazo para acabar. A política monetária foi executada. Nós trabalhamos com um PIB extremamente modesto, fraco até junho do ano que vem. Depois tem a retomada. Mas essa retomada será puxada pelos investimentos em infraestrutura.
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O Bradesco, que é conhecido como um banco popular, passa a ser o maior do país em clientes de alta renda com a compra o HSBC. Isso não pode descaracterizar a instituição? A segmentação de clientes existe para reconhecer pela renda a evolução social que o Brasil teve e vai continuar a ter. Se desprezássemos a base da pirâmide, perderíamos nosso projeto histórico, que acredita na mobilidade social. Queremos ser eficientes para todos os clientes.
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Mas há o chamado dissenso entre os órgãos do governo e o Legislativo, que parece retardar um pouco esse processo. Agora, a sua retomada é inevitável. Uma pesquisa da KPMG desta semana, sobre o humor dos investidores, mostra que o Brasil está entre os três países de preferência, porque os bônus que oferece são concretos para um mundo que está atrás de taxas de retorno. Então, o capital que está investido aqui pode dar um retorno maior e mais seguro que em outros países. Mas precisamos botar isso para funcionar. A pasmaceira tem um custo, e o custo é diluído para toda a sociedade, mesmo para aqueles setores sociais que nada têm a ver com os dissensos que estão acontecendo.
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O que o sistema bancário mais deseja é que o país e a economia funcionem dentro de bases sustentáveis para construirmos o longo prazo. É evidente que a curto prazo há dificuldades, e não vamos comemorar esse PIB em recessão. O que temos de fazer é criar as pontes necessárias entre o Estado e a sociedade para que se construa uma avenida de crescimento. E o apoio para a convergência a uma serenidade no trato disso é muito importante. Os problemas econômicos se resolvem, porque são matematização de certas variáveis que podem ser consertadas. Mas os problemas políticos, não. Eles são de ideias, de ideologia, de postura. É uma energia usada para provocar calor, e hoje o país precisa de energia para provocar luz.