A chaga da corrupção no mercado de planos de saúde, assim como em qualquer setor da sociedade, seja ele público ou privado, não é incurável, mas certamente está longe de uma cura definitiva. No que pese os esforços das empresas e das instituições ligadas ao setor.
Um dos escândalos de maior repercussão em nossa área foi aquele em que corretores familiarizados à “Lei de Gerson” – princípio pelo qual determinada pessoa ou empresa obtém vantagens de forma indiscriminada, sem se importar com questões éticas ou morais – driblavam as regras de aceitação dos contratos PMEs da Bradesco Seguros, cujas tabelas ofereciam valores diferenciados para diferentes praças.
Após o escândalo, houve uma reestruturação no quadro de gerentes e gestores da seguradora e esta passou a fiscalizar com maior rigor as propostas, antes de implantá-las.
Ponto para a Bradesco Seguros.
Doença crônica
Mas não se muda a cultura de um povo assim tão facilmente.
A “Lei de Gerson”, segundo apuramos, parece ainda prevalecer como instrumento para se conquistar um lugar no pódio montado pela Bradesco Seguros com o fito de destacar seus campeões.
O esquema
Impossibilitado de incluir o(s) dependente(s) no PME, por não haver vínculo empregatício, o esquema estaria “esquentando” o registro desses supostos funcionários incluindo-os no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), cuja permanência teria a duração de 30 dias, tempo suficiente para a seguradora checar as informações e validar a(s) proposta(s).
Garantida a implantação do contrato pela seguradora, o suposto esquema removeria o(s) nome(s) do Cadastro ficando assim livre do recolhimento de impostos no futuro.
Uma vez confirmada a denúncia, a Bradesco Seguros, maior interessada na assepsia do setor, deve ampliar o prazo para confirmação do vínculo desses funcionários.
Com isso a seguradora não estará blindada, mas certamente estará a dificultar a ação dos fraudadores de plantão, cuja prática certamente alcança outras empresas do setor.
Fica aqui a nossa homenagem aos corretores que trabalham com base na ética profissional.
E não são poucos.