É sempre após o caos que a ordem se estabelece. Foi assim com a explosão do Big Bang, que deu origem ao Universo e tudo o que nele há, é assim nas questões geopolíticas, que, por vezes, dão origem às guerras entre nações, é assim também em nosso mercado de planos de saúde, que ainda caminha a passos lentos em direção à ordem almejada após um longo período de caos.
Rio de Janeiro, Brasília, cidades onde estive a trabalho, vivem dramas semelhantes, mas a confusão é nacional, sabemos.
Em nossa megalópole houve um avanço importante, após a criação do Sindiplanos – Sindicato das Empresas de Comercialização e Distribuição de Planos de Saúde e Odontológicos do Estado de São Paulo, entidade que atua como órgão técnico e consultivo no estudo de soluções dos problemas que se relacionam com a categoria.
AUTOCRÍTICA
Assim como na política brasileira, no mercado de planos de saúde, uma minoria organizada comandou – e de certa forma ainda comanda – uma maioria desorganizada, sem amparo legal, social e político. Essa situação esdrúxula condenou o vendedor de planos de saúde a uma condição de subemprego em que não podem contar com direitos fundamentais.
O quadro de desorganização generalizada, criou uma reação teratológica no mercado e desde então a minoria organizada passou a ser vítima daquilo que a inércia do mercado criou, conforme apontado aqui em outras matérias.
ESTORNO DE COMISSÃO
Ao contrário do que pensam e dizem alguns, os donos de Corretoras, não veem com bons olhos a política do estorno de comissão proposta pela Amil. Na agenda do Sindiplanos, há registro de reuniões para tratar do assunto com a operadora. O Blog do Corretor também preferia que esse tema não estivesse na pauta do dia. Sabemos o impacto que esta medida causa na vida do corretor de planos de saúde; basta se colocar no lugar dele. Mas é necessário que todos entendamos que existe o outro lado da moeda. E foi por pensar assim, que um dia tentei criar – e participar – de uma instituição que estabelecesse uma ponte entre as empresas de corretagem e os vendedores de planos de saúde. Em momento como este, por exemplo, a entidade usaria o diálogo com as Corretoras para alcançar a Amil e apresentar uma contraproposta ou até mesmo aceitar a decisão, caso fôssemos convencidos de que haveria uma razão plausível para isso. E até deve haver. Afinal, as empresas obedecem uma lógica comercial.
AD INFINITUM
Mas a ideia de uma entidade legítima e democrática permaneceu no mundo onírico. Era bom demais para ser verdade. Enquanto isso, a inércia do mercado criou essa reação teratológica que deu origem a outra criatura da qual surgiu uma sequência de chantagens, ameaças e intimações para comparecimento à delegacia, Ministério do Trabalho, Ministério Público e um apetite voraz pelo poder. Não há – pasme, querido leitor – convocação para criação de chapas com eleições democráticas, livres e transparentes. Tudo seria feito entre quatro paredes com o conhecimento apenas daqueles que estariam alinhados com a criatura, reeleita, provavelmente, por unanimidade. Um fenômeno(!)
QUEM MUITO QUER, TUDO PERDE
Após a criação do Sindiplanos – este, sim, aberto ao diálogo – representante dos donos de Corretoras, mas também do corretor independente que possui CNPJ, a entidade da criatura ficou obsoleta, algo assim como a situação de Boris Yeltsin, ex-presidente da URSS, após a queda do Muro de Berlin. Mas a questão do estorno, proposta pela Amil, ressuscitou o que antes estava fingindo-se de morto. A polêmica abriu uma janela e novamente as ameaças e intimações foram retomadas.
DIVÃ PÚBLICO
Com a credibilidade em xeque e incapaz de liderar, a criatura, também conhecida como mister president, nomeou um chef da casa civil para convocar o maior número de corretores através de um grupo no WhatsApp, utilizando uma propaganda inspirada – provavelmente de forma inconscientemente – nos métodos de Joseph Goebbels, guardadas as devidas proporções.
CANOA FURADA
Chegaram-me ecos do que se disse no tal grupo a respeito de tudo, inclusive da opinião deste Blog, após a matéria que classificou a proposta como uma “canoa furada”. Houve quem se declarasse decepcionado por ter pensado que este blogueiro era progressista e agora se revelara a favor dos empresários. "Que decepção, Emmanuel! Eu, que pensava que você era um progressista", desabafou um corretor em áudio pubicado no tal grupo; em outro, uma corretora de voz suave dizia: “Não tenho nada contra o Emmanuel, mas a gente tem de entender que ele é patrocinado pelas grandes Corretoras. Pode ver lá no Blog. Inclusive quando a gente faz um comentário, dependendo do assunto ele remove”, entre outras pérolas. Confesso que fiquei curioso e tentei descobrir qual é a Corretora que patrocina este Blog para enviar boletos de cobrança, pois não temos contrato com nenhuma Corretora. Nossas parcerias são com operadoras e administradoras, mas reza em contrato a absoluta liberdade editorial. E somos a favor do corretor, como já afirmamos acima. Mas o caminho que tomamos para resolver eventuais conflitos é o diálogo; e com transparência, característica deste blogueiro. Sem chantagem, sem extorsão, sem ameaças, sem delegacia. Eu e o mercado já conhecemos os métodos de mister president, por isso afirmei convicto de que os corretores estavam iludidos e que iriam embarcar em uma “canoa furada”.
NOVE NOVES FORA
Quer tirar a prova dos nove? Questione a falta de eleições democráticas! Pergunte quantas chapas foram apresentadas na última eleição! Revele que quer se candidatar nas próximas eleições! Peça para ver o estatuto! Pergunte por que foi aberto um B.O. no qual os corretores são acusados de terem depredado as instalações de mister president, quando há vídeos mostrando os corretores apenas e tão somente fazendo perguntas cujas respostas lhes foram negadas. E se quiser “arrumar” uma grande confusão, peça para conferir a contabilidade.
PLEITO CAÍDO
Conforme o Blog previu, o tal grupo está se derretendo. A propaganda à-lá-Goebbels não está funcionando. Muito se fala em pleito, mas o pleito caiu, o barco furou e os corretores estão pulando fora. O chefe da casa civil faz um esforço hercúleo para manter o moral do tal grupo, mas, cada vez mais, o número diminui. Os mais sensatos já entenderam que não se resolve um problema criando outro. O Blog do Corretor não está “do lado das grandes Corretoras”, mas ao lado daqueles que têm bom senso; sejam eles corretores e/ou empresários. Sei como é árdua a vida do vendedor de planos de saúde, mas acredito no diálogo como forma de estabelecer relações. Utilizar a delegacia para intimidar é uma atitude danosa ao mercado. Sobretudo quando aquele que intimou já teria recebido um “cala boca” para não o fazer.