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O jornalista Jhon Pilger, premiado internacionalmente, publicou um artigo no Counterpunch onde explica as sucessivas razões para tentar derrubar o governo venezuelano desde a eleição de Hugo Chávez, já falecido, até o atua presidente Nicolás Maduro. "Toda grande reforma chavista foi votada, nomeadamente uma nova constituição, que 71% dos venezuelanos aprovaram — cada um dos 396 artigos consagrando liberdades inéditas, como o artigo 123, que pela primeira vez reconheceu os direitos humanos dos mestiços e negros", destaca Pilger. Segundo ele, "isto incomodou aqueles que hoje vivem nos bairros chiques, nas mansões e penthouses do leste de Caracas, que se deslocam para Miami, onde se consideram "brancos". Eles são o núcleo poderoso do que a mídia chama de "oposição", ressalta.
"Embora a política identitária ocupe espaço nas páginas de jornais liberais do Ocidente, raça e classe são duas palavras quase nunca proferidas na "cobertura" mentirosa da mais recente tentativa de Washington de agarrar a maior fonte mundial de petróleo e recuperar o seu 'quintal'", avalia.
Para ele, "apesar de todas as falhas dos chavistas — como permitir que a economia venezuelana continuasse refém das fortunas do petróleo, nunca seriamente desafiando a desigualdade estrutural e a corrupção — houve justiça social para milhões de pessoas e isso foi feito com democracia sem precedentes".
Pilger observa, porém, que "desde a morte de Chávez, em 2013, seu sucessor, Nicolas Maduro, apareceu na imprensa ocidental como o "ex-motorista de ônibus" que se tornou encarnação de Saddam Hussein". "No entanto, como o jornalista e cineasta Pablo Navarrete relatou esta semana, a Venezuela não é a catástrofe que foi pintada", completa.
"Como uma página da festa do chá de Alice no País das Maravilhas, o governo Trump agora apresenta Juan Guaidó, uma criação pop do National Endowment for Democracy e da CIA, como o 'Presidente legítimo da Venezuela'", mas "para 81% do povo venezuelano, segundo The Nation, Guaidó não foi eleito por ninguém".
O jornalista relembra, ainda que "como seu "enviado especial à Venezuela", Trump nomeou um criminoso condenado, Elliot Abrams, cujas intrigas a serviço dos presidentes Reagan e George W. Bush ajudaram a produzir o escândalo Irã-Contra na década de 1980 e a mergulhar a América Central em anos de miséria encharcada de sangue".
"Caso Guaidó e seus supremacistas brancos tomem o poder, será a 68ª derrubada de um governo soberano pelos Estados Unidos, a maioria deles democracias", afirma.