O engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras que se tornou o pivô da Operação Lava Jato, tem uma espécie de inspirador na arte de montar esquemas de financiamento político em estatais.
Trata-se de Dimas Toledo, que foi diretor de Furnas durante o governo FHC e no início do primeiro governo Lula. Assim como Costa, Dimas foi indicado por um partido político ? no caso o PTB, mas com apoio total do PSDB. Assim como Costa, Dimas também montou um modelo de financiamento político, a partir da diretoria de uma estatal.
Na operação Furnas, nada menos que R$ 39,9 milhões foram distribuídos a 156 políticos. O PSDB ficou com 68,3% do total, seguido pelo antigo PFL, atual DEM, com 9,3%. Em terceiro lugar, veio ? adivinhem ? o PP, do ex-deputado José Janene, com 6,1% (saiba mais aqui).
Quem recolhia propinas para o PP? Ele mesmo, o doleiro Alberto Youssef, que era operador de Janene. No seu depoimento na Lava Jato, ele afirmou que os recursos eram pagos por uma empresa chamada Bauruense, que recebeu mais de R$ 800 milhões em contratos de terceirização feitos por Furnas. Disse, ainda, que os pagamentos eram mensais e que um dos beneficiados seria o senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos responsáveis por manter Dimas Toledo na diretoria de Furnas (saiba mais aqui).
Se o 'petrolão' foi um esquema criminoso a serviço de um projeto de poder, o mesmo deve ser dito do 'Furnão', que, em 2002, ajudou a financiar diversas campanhas do PSDB ? inclusive a presidencial de José Serra. A única diferença entre Dimas Toledo e Paulo Roberto Costa é a consequência judicial dos seus atos. Como Dimas Toledo serviu ao PSDB, nunca foi preso e a chamada 'lista de Furnas' foi tratada como uma fraude.
No entanto, Roberto Jefferson, que fazia parte da lista, já havia dito ter recebido os recursos que nela constavam. Agora, por meio do depoimento de Alberto Youssef, sabe-se que Janene também recebeu. Será que a lista é mesmo falsa?
Fonte: 247