Após a hecatombe que chocou a todos, o mercado tenta se ajustar

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SÃO PAULO – Os últimos dias foram marcados por eventos que surpreenderam e chocaram o mercado de planos de saúde. O primeiro susto, que deixou  todos alvoroçados, foi ocasionado pela decisão da colombiana MediSanitas de suspender a comercialização dos seus produtos no Brasil.

Muito mais do que a perda de uma alternativa para o seu cliente, o corretor poderia encarar a notícia como um sinal de que o mercado estaria enfraquecido. E isto não é nada bom para o psiquê de um vendedor que deve conviver num ambiente que o mantenha motivado.

O choque da notícia da MediSanitas, entretanto, foi amenizado (e superado), após um comentário postado no Blog pelo então diretor comercial, Marco Antônio Araújo, através do qual declarou que se tratava de um recuo estratégico. Aquilo que na filosofia chamamos de "perder para ganhar".

Mal o mercado se recuperava desse advento, veio, então, a derrocada da Unimed Paulistana, algo que parecia impossível. "Imagina, a Unimed é uma marca muito forte, não quebra nunca", diziam-me figurões do mercado.

Mas quebrou(!)

E foi muito triste para o mercado de planos de saúde de São Paulo.

Pela marca, pelos produtos e pelas pessoas que nela trabalharam e que a transformaram na mais Queridinha das Unimeds.

E agora, quem vai substituí-la?

Qual operadora vai oferecer uma boa rede credenciada com preços razoáveis e ainda aceitar Pessoa Física, além de PME, PJ e Adesão?

Sinceramente, assim como os figurões do mercado, este que escreve também não acreditou que a Unimed Paulistana fosse um dia fazer companhia a Unimed São Paulo.

Logo a Paulistana, que nas últimas duas décadas se impôs como uma das potências do setor privado de saúde do País, com um faturamento de R$ 2,19 bilhões, graças a uma carteira de 744 mil clientes.

Com todo este potencial, mesmo assim, desde 2009, a UP agonizava, mergulhada em dívidas que somam só com tributos, R$ 276 milhões, e as dívidas de curto prazo atingem cerca de R$ 300 milhões, enquanto sua reserva técnica (uma espécie de lastro exigido pela ANS) está na faixa de R$ 110 milhões. Uma gota d'água num oceano de dívidas.

A Queridinha resistiu enquanto pôde, como uma paciente na UTI, lutando para se manter viva, respirando através de aparelhos, até o momento em que a ANS os desligou.

Do total de sua carteira de clientes, 160 mil são Pessoa Física, perfil do qual o mercado foge como o diabo foge da cruz.

Provavelmente, seja este o motivo que fará o mercado aguardar os 30 dias, quando, então, o interessado poderá assumir somente a carteira, sem o passivo; este ficará no CNPJ daquela que terá de usar o seu patrimônio para pagar ao fisco, às ações trabalhistas e àqueles que um dia já a tiveram como a Queridinha do Mercado.

Uma perda lamentável, mas, como diz o pensador "Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma".

A Queridinha continuará em nossos corações e em outros lugares, com outra cor, com outro nome…

Não vamos reconhecê-la, mas ela de alguma forma sempre estará entre nós; como estarão também seus funcionários, em particular o Comercial que manteve o otimismo e a esperança até o último suspiro, como deve fazer todo bravo guerreiro.

Neste post, que mais parece uma crônica, vai também a nossa homenagem ao departamento Comercial da Unimed Paulistana, que fez valer a máxima de Dante Alighieri em sua obra, A Divina Comédia Humana, "No inferno estão todos aqueles que perderam a esperança".

 

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Emmanuel Ramos de Castro
Amante da literatura, poesia, arte, música, filosofia, política, mitologia, filologia, astronomia e espiritualidade.

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