Fundadora da startup de telessaúde Telehybrida, Dra. Ana Vicenzi explica como as consultas remotas serão ainda mais importantes para o setor no futuro
Por Ana Vicenzi |Médica
A pandemia do novo coronavírus foi transformadora e impactou principalmente a área da saúde e seus profissionais, que foram impulsionados para uma nova realidade. A maioria deles atuou na linha de frente, enquanto outros tiveram de se adequar a esse novo cenário, mais complexo para atender pacientes em consultórios e, agora, através da telemedicina.
Esse é o caso da Dra. Ana Vicenzi, médica e fundadora da Telehybrida, startup de inteligência na construção de serviços em telessaúde, relata como a Covid-19 segue afetando os infectados e, por isso, o acompanhamento médico é fundamental. “Muitos estudos apontam que a doença vem causando sequelas. Segundo o National Institute of Health and Care Excellence – NICE, a Síndrome do Covid Longo consiste em sintomas que persistem ou se iniciam após o fim da infecção aguda pelo coronavírus e não podem ser explicados por outras causas”, ressalta.
Os sintomas incluem fadiga, falta de ar, alterações cardiológicas e cognitivas, distúrbios no sono, sintomas de estresse pós-traumático, dores musculares, problemas de contração e dores de cabeça. Segundo a médica, todos os pacientes que contraíram o vírus podem desenvolver sequelas, incluindo os que tiveram quadros leves, mas para os pacientes que foram hospitalizados elas costumam ser mais intensas.
Para a Dra. Ana, a pandemia que se iniciou em 2020 deve impactar também as próximas gerações. “Acredito que uma doença que infectou mais de 200 milhões de pessoas, com um alto grau de mutação e um número imensurável de sequelas vai transformar de modo expressivo a nossa maneira de entregar saúde. Não sabemos os efeitos da infecção pelo coronavírus no corpo humano e no ecossistema terrestre em médio e longo prazo”, relata.
A Telehybrida foi contratada pela produtora de aço Gerdau para rastrear essas sequelas e gerar ações de reabilitação para pacientes com a finalidade de acolher, encaminhar para especialistas e acompanhar o tratamento. A médica explica que a startup trabalha uma rede de assistência multidisciplinar com foco na entrega de cuidados completos para os pacientes de forma híbrida, sendo que a telemedicina faz parte integral do processo como parte ativa e dinâmica ao atendimento presencial.
Nesse momento, esse tipo de acesso se tornou fundamental, mas nem sempre foi assim. Até antes da pandemia, a normativa vigente sobre telemedicina era a Resolução CFM 1643/2002 que não autorizava teleconsultas diretas. Apenas em 2020 ocorreu a liberação emergencial e provisória prevista pela Lei 13.989, que respalda a prática de todas as modalidades de Telemedicina no Brasil. Com esse feito, posteriormente hoje temos o Projeto de Lei 1998/2020 , que visa e definir a prática da telemedicina em todo território nacional.
A médica ressalta que o maior benefício da telemedicina foi melhorar a entrega de cuidado e saúde para os pacientes. “Um dos maiores legados da pandemia foi a aceleração da transformação digital na saúde. Antes mesmo do início da quarentena essa ferramenta não era autorizada para interações entre médicos e pacientes e somente nesse momento a regra foi revogada”, ela conta.
Dra. Ana Caroline Vicenzi é médica, facilitadora para telemedicina na comunidade médica, CEO e fundadora da Telehybrida. Recentemente, a Dra. Ana esteve no Vale do Silício, na Califórnia – EUA, para se aprofundar no processo de inovação em saúde e na incorporação de novas tecnologias. Com atuação na área de Gestão em Saúde, Inovação e Empreendedorismo, Design Thinking e Inovação, fruto da sua experiência no Vale do Silício, a médica também atua como mentora de telemedicina, além de professora e palestrante.