UnitedHealth divide gestão da Amil em três negócios
por, Beth Koike
Maior empresa de planos de saúde com 5,7 milhões de usuários, a Amil reorganizou sua estrutura e dividiu a companhia em três áreas de negócios: operadora de saúde e dental, hospitais e tecnologia. Cada uma dessas áreas será liderada por executivos mais jovens e o fundador da Amil, Edson Bueno, passa a ser o CEO da UnitedHealthcare Brazil.
Até agora Bueno era CEO da Amil, que abrigava todos negócios do grupo. Na prática, com o novo cargo, as atribuições de Bueno não mudam. A manutenção do seu nome pretende evitar uma transição abrupta, segundo fontes ouvidas pelo Valor. Em 2012, quando a Amil foi comprada pela UnitedHealth ficou acertado que um executivo na casa dos 40 anos iria sucedê-lo até setembro de 2017. No entanto, a Amil não confirma se Bueno deixará o cargo até essa data, mas sabe-se que houve uma busca intensa por um executivo de mercado para substitui-lo. Mais de dez profissionais da área da saúde foram convidados a conversar com o fundador da Amil.
Ainda segundo fontes do setor, o nome que mais agrada aos americanos é do pneumologista Sergio Ricardo Santos, que está há dez anos na Amil. O médico, de 44 anos, foi escolhido para ser o CEO da operadora de planos de saúde e dental e futuramente pode vir a ocupar o atual posto de Bueno. Até então, Santos era o diretor-executivo da One Health, plano de saúde voltado para o público premium da Amil, e antes esteve à frente dos hospitais e da expansão para outras praças fora do Rio de Janeiro.
A nova estrutura organizacional contempla um braço de negócio exclusivo para os 32 hospitais próprios que hoje atendem, principalmente, os usuários do convênio médico. Para liderar essa área foram designados o médico Charles Souleyman e o administrador de empresas Vinicius Ferreira da Rocha. Outro cotado para compor essa equipe é Luiz de Luca, presidente do Hospital Samaritano, de São Paulo, adquirido pela Amil em dezembro por R$ 1,3 bilhão.
Uma das estratégias do grupo é usar o Samaritano como plataforma de expansão, com aquisições ou crescimento orgânico. Uma possibilidade aventada pelo mercado é que a Amil fará um ‘spin-off’ com os hospitais. As grandes redes hospitalares são cobiçadas por investidores estrangeiros. Em janeiro de 2015, a legislação passou a permitir aportes de investidores de outros países no setor.
O terceiro braço de negócio da Amil é a Optum, empresa de tecnologia voltada à saúde da UnitedHealth que é administrada por um executivo americano. A Optum ainda passa por um processo de integração com a Amil, mas tem uma forte atuação em outros países. No primeiro trimestre deste ano, o faturamento da Optum foi de US$ 18 bilhões, o que representa quase metade da receita total de US$ 44,5 bilhões da UnitedHealthcare.
A fim de tornar esse processo de transição mais suave os quatro principais gestores da Amil – – Renato Manso, Cristina Mendes e Gilberto Costa que estão na empresa há mais de 20 anos – irão compor um comitê para assessorar a nova equipe.
Com uma receita de R$ 14,6 bilhões no ano passado, a Amil acumula prejuízo desde 2013. Em 2015, a perda foi de R$ 107, 5 milhões, mas representou uma queda de 63% sobre 2014. Boa parte do prejuízo deve-se a mudanças na contabilização das provisões, cujas regras são bem mais rigorosas entre as empresas americanas.