“Navegar é preciso, viver não é preciso”
Fernando Pessoa
Uma das formas mais eficientes para se obter êxito na defesa de um bem comum é a união. É com a união de forças que muitas vitórias são conquistadas.
Mas esta não é uma batalha fácil; principalmente para um mercado como o de planos de saúde.
Se por um lado é difícil promover a união dos corretores em torno de um propósito, por outro, é igualmente difícil unir os proprietários de Corretoras, por mais que saibamos todos que fora da união não haverá salvação.
Mas houve tentativas.
Recentemente, algumas reuniões entre os principais líderes do mercado, mesmo a contragosto de alguns, foram interpretadas pelos corretores mal informados como uma tentativa de monopolizar a política de comissionamento e/ou de premiações. Muitos foram os telefonemas a este blogueiro através dos quais amigos se diziam indignados. Outros, entretanto, dispararam e-mails apócrifos criticando a posição (ou falta dela) do Blog do Corretor. "Honre a sua foto no template do Blog, e diga a todos a verdade das reuniões de todas as quartas-feiras na ACOPLAN organizadas pelos donos de corretoras e plataformas. Denuncie esse cartel para a saúde do segmento, já que vocês se autoproclamaram a voz do corretor (…)", dizia um desses e-mails. Mas sobre este assunto, falaremos em outro post. Voltemos ao ponto.
Às vezes é necessário um furacão como o Irma para que a solidariedade floresça entre os homens. E apesar da imensidão do Atlântico que nos separa da Flórida, outro tipo de furacão – o da obrigatoriedade da regulamentação do setor e a questão das fraudes contratuais – têm provocado consequências na vida e nos negócios dos empresários do mercado de planos de saúde.
No último dia 28 de agosto, um evento denominado Comitê das Corretoras conseguiu reunir um impressionante número de proprietários de Corretoras, Gerentes e representantes de Operadoras e de Administradoras.
Nunca antes na história deste mercado um evento com esta finalidade havia conseguido atrair um número tão grande de participantes.
Ao contrário do que pensam os corretores, o evento não foi promovido pela Acoplan, no que pese a participação de toda diretoria e da presidenta da Associação, Rosa Antunes, a quem o Comitê deve empenho e dedicação no esforço hercúleo dedicado a união e regulamentação do mercado.
Com duração de duas horas, aproximadamente, o Comitê, que também pode ser considerado um Fórum, contou com a participação de Sílvio Toni (Casa do Corretor), do Dr. Bruno Barchi Muniz (advogado tributarista, sócio fundador do escritório LBM e colaborador deste Blog às sextas-feiras) e ainda do Dr. André Castro Carvalho (Diretor de Compliance).
Sílvio Toni foi o mediador responsável pela abertura dos trabalhos. Didático, paciente e profundo conhecedor do mercado, o sócio fundador da CdC fez uma espécie de mea-culpa, dividiu responsabilidades, apontou o futuro e os perigos que este representa para quem não estiver preparado para quando ele chegar e ainda alertou o público para a densidade dos temas ali abordados pelos dois advogados.
Dr. Bruno Bachi Muniz tratou da questão do E-Social e garantiu que até o início do segundo semestre de 2018, o sistema estará totalmente implantado. O advogado tributarista explicou ainda que fazem parte desse projeto o Ministério do Trabalho e Emprego, INSS, Receita Federal e a Caixa Econômica Federal. “Dessa forma, com um banco de dados em mãos, o Fisco vai ter um controle mais amplo sobre os dados dos empregadores”, garantiu. “A eficiência da fiscalização eletrônica se sobrepõe à fiscalização física e o seu aprimoramento é constante. O E-Social é uma plataforma de unificação das informações”, ressaltou.
Dr. André Castro Carvalho, Diretor de Compliance, tratou das questões que envolvem as famigeradas fraudes e apresentou o seu projeto que certamente revolucionará o mercado: o Canal de Denúncias.
Especialista no assunto, Castro alertou a respeito da penalidade: “Multa de 150% sobre o valor do tributo, em caso de sonegação, fraude e conluio”, alertou. O projeto Canal de Denúncias ali apresentado poderá ser implantado nas empresas e qualquer cidadão poderá denunciar de forma anônima. A Acoplan, que relutou em criar uma “lista vermelha”, temendo a sua ilegalidade, foi a primeira a aderir ao projeto. Agora o corretor deverá ter mais cuidado no preenchimento da proposta para não cair em tentação e depois no Canal "da mancha".
Na sequência, Silvio Toni abriu o microfone para perguntas e uma delas veio da Mult Plan: Fábio questionou a cobrança dos 8% que ainda são cobrados da comissão do corretor. “Esta taxa não pode mais ser cobrada; se alguma Corretora ainda estiver descontando essa taxa está em desacordo com a lei”, garantiu Toni.
Não obstante a importância dos temas abordados, o Comitê das Corretoras foi um sucesso de público e contou com a participação de importantes Operadoras e Administradoras: Amil, Qualicorp, GNDI, Corpore, Plena Saúde, Bio Vida,Trasmontano, Ameplan, entre outras.
Mas parece que ainda é necessário que o furacão aumente a sua intensidade para que alguns “donos de Corretoras” compareçam a um evento de tamanha magnitude.
Houve aqueles que, por motivo de força maior, não puderam estar presentes e portanto enviaram representantes como Carlão (LPX), por exemplo, substituído pelo seu gerente, Ronaldo Nunes; mas houve ainda os faltosos. Fato lamentável.
Ainda assim, há muito o que comemorar, pois, somente uma Rosa poderia ser capaz de promover a união de um público tão difícil de (re)unir.
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