Para os mais otimistas, é no tempo de crise que surgem as oportunidades. Se a falta de recursos somada à necessidade de solucionar problemas pode estimular a criatividade e ampliar as chances de inovar, porque isto seria diferente quando se trata do cuidado de vidas?
Ao contrário do que muitos acreditam, por suas características tradicionais, com práticas restritas e extremamente reguladas, o segmento da saúde tem se mostrado muito promissor para quem deseja inovar. Para Homero Rivas, Diretor de Cirurgias Inovadoras da Universidade de Stanford, alguns elementos são fundamentais para inovação na saúde.
“Para que uma ideia seja considerada inovadora ela deve ser simples, fácil de ser reproduzida, de baixo custo, alinhada a um sentido comum, ter alguma vantagem competitiva e ser segura”, explica Rivas.
Em países pobres ou em desenvolvimento, esse conceito faz todo o sentido. Inúmeras comunidades podem ser beneficiadas por profissionais da saúde que decidem adotar equipamentos inovadores similares aos utilizados nos grandes centros urbanos, com a mesma eficiência e segurança dos originais.
Durante o evento Health 2.0, o diretor da Stanford apresentou uma série de ideias inovadoras que têm sido praticadas ao redor do mundo a partir do uso de objetos simples e de fácil acesso. Lacres plásticos, anzóis de pesca e até mesmo canudos oferecem inspiração para a entrega de soluções simples e economicamente viáveis. Com o apoio de equipamentos acoplados a um smartphone, por exemplo, é possível realizar procedimentos como exames oftalmológicos, auditivos ou uma videoendoscopia, permitindo ao profissional de saúde entregar o mesmo produto final mesmo em ambientes mais hostis.
Desfazer a relação entre inovação, tecnologia e alto custo talvez seja um dos primeiros passos para quem deseja se despir do tradicionalismo e contribuir para o desenvolvimento de novas soluções. Seja em uma vila isolada, seja em uma metrópole populosa, a ampliação do acesso a tratamentos de saúde qualificados pode estar a poucos passos de distância. “No segmento de saúde, talvez mais importante que ter uma inovação tecnológica seja ter os parceiros para seu desenvolvimento”, conclui Rivas.
Por, Elaine Martins