Ele tem nome de santo, exerce uma profissão que para muitos opera verdadeiros milagres, mas, ao contrário dos santos, é casado, pai de quatro filhos, gosta muito de dinheiro e já se candidatou a deputado.
Francisco das Chagas de Carvalho Alves, ou simplesmente, Chico Alves, como é mais conhecido no mercado, é o exemplo vivo do que disse Euclides da Cunha em seu clássico Os Sertões: “O nordestino é, antes de tudo, um forte”.
Por mais forte que seja Chico Alves, seus olhos brilham quando fala em seus filhos, segundo ele, a coisa mais importante da sua vida, razão do seu viver.
Há 22 anos atuando no mercado, Chico Alves foi conduzido a essa profissão pelos braços da necessidade, como a maioria dos vendedores de planos de saúde.
Mas Chico, ao contrário de muitos, ao entender que aquele era o seu destino profissional, não se acomodou no conforto da informalidade. Arregaçou as mangas e foi à luta.
Trabalhando de dia e estudando à noite, conquistou a Susep Plena, mas conquistou também, ao longo desses 22 anos, uma carteira de clientes que se tornou a sua fonte de indicações de outros clientes.
Após ter se destacado na equipe em que trabalhava ganhando prêmios por sorteios e por mérito, Chico Alves resolveu alçar voo livre e, em parceria com outros colegas, montou sua própria Corretora onde recebeu o Blog do Corretor para esclarecedora entrevista.
Blog do Corretor:
Chico, há quantos anos você está no mercado?
Chico Alves:
Somando tudo, dá 22 anos.
B.C.
E como você chegou nessa área?
C.A.
Eu acho que você sabe que a maioria, eu acho que 70% dos corretores que está (sic) hoje no mercado dessa época, entrou por falta de oportunidade de trabalho em outro segmento. Na verdade eu… em 1990, eu trabalhava numa empresa, numa fábrica de móveis, uma fábrica de móveis chamada Forma, que hoje é Giroflex, trabalhava na contabilidade e estudava contabilidade. E veio a crise do Collor, onde (sic) eles fizeram redução no quadro e colocou à disposição quem quisesse sair. Eu pedi para sair. Em julho de 90. E vim procurar emprego aqui no centro. Achei a Same. Conheceu a Same?
B.C.
Já houvi falar.
C.A.
Fui lá… era do Zé Carlos, a Cida era gerente de vendas… peguei treinamentos lá…
B.C.
Esse Zé Carlos ainda está no mercado?
C.A.
Não sei. Foi extinta essa empresa, parece. E… depois de três meses fiz uma vendinha, depois fui parar na Golden Shield, fiquei uns três meses lá aí veio a notícias da Saúde Unicor que estava pegando corretores registrados, tudo. De lá prá (sic) cá fiquei até 95, na Saúde Unicor, quando ela começo ficar fraca, aí vim direto prá (sic) Amil, quando ela abriu na Paulista… eram três meses prá (sic) ser registrado quando tinha de bater uma cota me parece que era uma cota de mil Reais por mês que tinha de vender… Em 15 dias eu bati a cota dos três meses, o gerente me pediu os documentos, que foi o Paulo Guilherme. Conheceu o Paulo Guilherme?
B.C.
Não.
C.A.
Aí pediu os documentos e em 15 dias me registrou. Aí fiquei até 2003, quando eles fizeram aquela limpeza… começaram a reduzir o quadro de vendedores… já enxergando (sic) mesmo acabar com o canal próprio de vendas né? Já estava com muitas empresas acabando. O modelo já não era mais com canal próprio de venda, era repasse, plataforma. Ná época chamava plataforma de venda. Aí onde (sic) repassou o espaço ali da Amil para a Casa do Corretor, em 2003, e eu continuei com o Sílvio, o João, com a Casa do Corretor, como interno, até setembro de 2010.
B.C.
E sempre como campeão?
C.A.
(Risos) É, sempre atingindo umas metas razoáveis que dava para manter… continuidade do trabalho… se você não atingir, nunca atingir… o fim é o quê? Desmotivar e desistir. Coisa que nunca aconteceu comigo, eu…
B.C.
E aí você resouveu seguir vida própria. Como foi essa transição?
C.A.
Primeiro foi a questão de consciência dentro de mim mesmo. Eu sou uma pessoa que não gosta de traíção, assim… coisa que desagrada o meu coração e o coração de Deus. Você está dentro de uma plataforma, trabalhando interno, usando a estrutura da empresa, telefone, fax, computador, mesa, cadeira, um espço limpo, cheiroso, enfim. Você como vendedor interno, não paga nada por isso. E aí você começa a perceber que tem condições de não precisar dessa estrutura interna. Porque se a gente comparar o que ganha o interno e o que ganha o corretor como repasse, ele é praticamente (sic) 30%, 40% a mais no reasse. E no interno não se gastaria 5% o corretor que produz bem. Um corretorzinho…
B.C.
Mas você estava sendo obrigado a entregar em outra empresa e por isso a sua consciência…
C.A.
Não. Eu não estava sendo obrigado. Eu não entregaria. Quando muitos colegas entregam. Muitos como vendedor interno, usando toda estrutura da empresa, tem uma meta lá que é pedida, me parece que é de três mil Reais que as Corretoras pedem, no mínimo, e o cara vende 10 mil, entrega as piores vendas 3 mil Reais como interno e os melhores contratos entregam como repasse nas outras plataformas. Eu vejo direto colegas conhecidos fazendo isso. Entregam como repasse. E eu não acho justo isso. E eu estava sentindo necessidade de vida solo, de andar sozinho, independente de plataforma. E outra, até porque o mercado em si me pedia isso. O mercado me pedia, seguro de vida, seguro patrimonial, RE, e eu não tinha como fazer isso como interno. E como eu tinha feito cursos, formação de corretor, tirado a Susep, cadastrei, habilitei… me cadastrei nas principais operadoras, então eu já estava pronto para voar. Só que não é fácil você conseguir cadastro junto a uma seguradora. Para você ter uma ideia, tem uma seguradora aí de renome que me negou o cadastro como pessoa física. Depois que eu abri empresa que ela viu que estava tudo corretor, aí ela me concedeu o código.
B.C.
Você tem corretores na sua Corretora?
C.A.
Não, eu tenho parceria aqui com três corretores, mas cada um tem vida própria, cuida do seu próprio negócio. Aí eu junto a nossa produção e consigo umas facilidades na plataforma com as a nossa produção.
B.C.
E qual é a sua principal platafoma?
C.A.
Hoje a principal plataforma… eu estou descarregando na DJ, mas ainda tenho uma… eu tenho um compromisso a cumprir, isso é muito importante dizer, eu tenho um compromisso a cumprir na Casa do Corretor porque eu ainda tenho… bastante…
B.C.
Vínculo.
C.A.
Vínculo. Tenho vínculo lá com os donos, com os colegas, tenho vínculo do tipo comercial, tenho vínculo é… (Somos interrompidos pelo toque do celular e Chico Alves pede licença para atender a esposa Viviane que estava no plantão da Amil) Então vamos lá. É… eu teria como tirar todos os meus clientes da carteira Sul América, Bradesco que eu tenho pela Casa do Corretor… então esse vínculo inclui todos os clientes que eu tenho lá ainda. Tenho uma conta jurídica que ainda está por lá, tenho um e-mail aberto com contatos de clientes de mais de 10 anos, sempre usei para os meus clientes o telefone de lá… tenho uma conta jurídica grande que eu recebo por lá, então para manter tem de ter uma produção entregue lá.
B.C.
Para valer a pena, não é?
C.A.
É, para valer a pena, não cortar o vínculo, não ter perda e eles também não terem perda… porque na verdade não fiquei devendo e nem eles me devem. Estamos empatados. E o Dirceu é um grande cara também, né (sic) vim prá DJ (sic) porque eles me fizeram um socorro. Eu estava numa situação de estrutura bem complicada e aí ele botou a mão, me socorreu e então não tem como não estar do lado de uma pessoa dessa, né? Então, um cara legal.
B.C.
Aliás, o Dirceu tem essa fama, não é? De ajudar a pessoa quando ela mais precisa.
C.A.
Na verdade quando eu mais precisei eu fui atrás da Casa do Corretor e eu fui negado atendimento, né (sic). O socorro. Então foi isso. Eu não tinha nenhuma intenção, nenhuma prentenção, mas de forma alguma, de sair da Casa do Corretor. Porque essa parceria que eu tenho na DJ é a mesma que eu tinha com a Casa. Eu não tenho obrigação de permanecer. Porque toda a minha estrutura… eu estou trabalhando para me sustentar. Justamente na montagem da empresa eu passei por um sufoco. Foram muitos gastos com a documentação e tive problemas com na família com a perda de uma sobrinha. Uma menina linda que partiu de uma forma tão dolorosa… e tudo isso contribuiu para queda na produção. E começei a ficar com pendência, aluguel, telefone…
B.C.
E a que você atribui a falta de ajuda da Casa do Corretor nesse momento em que você tanto necessitou?
C.A.
Essa é uma boa pergunta, bem colocada. É… a pessoa conhece a outra há tantos anos e não acredita no potencial, na capacidade da qual (sic) ele conhece. É bem colocado assim, mas difícil de responder. Mas é assim, na verdade é tipo (sic) a pessoa quer enterrar talento. Ou tem medo de criar cobra, ser picado por ela ou dar asa… ou seja, finalizando: tem medo de ser um concorrente. Então essa pessoa pensa assim: eu não ajudo, ele morre na praia, aí ele volta e vem comer no meu pires. Mas Deus está comigo. Creio no poder de Deus, tenho fé e tenho certeza que (sic) vai acontecer e não deixei a peteca cair e Deus usou uma pessoa, que até falam que não é de Deus, prá me abençoar.
B.C.
Todas as pessoas são de Deus!
C.A.
Todas, né? Aí elas vêm e me ajudou (sic). E sei que tá aí, ó, um espaço grande, uma boa estrutura…
B.C.
Há quanto tempo você está aqui?
C.A.
Há um ano. O aniversário será no dia do corretor, 12 de outubro e você já está convidado.
B.C.
Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e parabenizar o Dirceu pelo espírito de solidariedade que ele teve com você e com outros, porque, como sabemos, você não é a primeria pessoa que ele ajuda. Mas falando da sua corretora, qual é o produto que você mais comercializa?
C.A.
Hoje o que eu mais vendo é o PME do Bradesco.
B.C.
E qual a sua forma de prospecção, você tem anúncios na Internet?
C.A.
Não. Todas as minhas vendas são indicações dos meus clientes. Tenho clientes que estão comigo há 22 anos e que me procuram ainda hoje. Eu foco Bradesco e te digo: o mesmo produto da Bradesco, e o mesmo da Sul América, e o mesmo da Amil Blue 700, a diferença da Bradesco, que são todos iguais, o Top Nacional da Bradesco, o Especial 100 da Sul América e o Amil 700, são as mesmas redes credenciadas… com uma mínima aí, o valor de diferença nos valores da Bradesco chega a mais de 20%
B.C.
E sendo você um corretor que se profissionalizou, é politizado, até já se candidatou a deputado, não é? O que você espera para os próximos tempos nesse mercado?
C.A.
O mercado vai soprar ventos bons para o corretor que estiver focado nos produtos porque está tendo adequação de produtos, mudança nas regras contatuais, operadoras que eram intransigentes com aquantidade de vidas para comercializar o PME baixou, como a Golden Cross abaixou para duas vidas, para pegar clientes, talvez, da Unimed, Amil baixou para duas vidas, a Bradesco para duas vidas, então vai dar uma grande movimentação aí o corretor que estiver 100% focado, é como você diz, a “Dança das Cadeiras” nesse caso dos produtos né? (Risos). Se os colegas souberem orientar o cliente a adequar seu produto na melhor rede, vai ser bom porque aquele que estiver dentro da elegibilidade você pode tirar de um lugar para outro sem perda nenhuma, com ganho de qualidade na rede, no atendimento e até no valor baixando custo, poque quem tem três vidas numa operadora que não dá pronto socorro no Oswaldo Cruz, ele tem o Oswaldo Cruz, mas não tem pronto socorro, e ele tem três vidas e ele tem um novo plano que permite três vidas nesse plano com o pronto socorro do Oswaldo Cruz, quer dizer, quem analizar esses pontos… tem vários. A gente vai ficar falando aqui a tarde toda. Não recomendo, não gosto de ficar tirando cliente daqui para ali todo dia. É chato isso.
B.C.
Está havendo um movimento, entre os proprietários das grandes Corretoras, provavelmente você não saiba disso, no sentido de se criar um consenso entre as Corretoras para estabelecer uma homogeneidade no pagamento das comissões acabando assim com o leilão do comissionamento. Você torce pelo sucesso desse movimento?
C.A.
Sim, nossa, louvável (!) Eu gostaria até de saber quem é que está encabeçando essa ideia. Eu ficaria muito feliz. Nossa, comissão igual em todo lugar(!) Comissão padronizada em todo lugar. É a mesma coisa que a gente está tentando no Sincor. Preço justo nas seguradoras principalmente seguro de auto, não é? Se daqui a pouco uma Corretora começa a pagar mais aí as outras quebram, não é? Eu gostaria muito de ter entrado na Câmara dos deputados para lutar por essas questões. Eu acho que tem até corretor que perde comissão porque não sabe onde deu entrada.
B.C.
Foram as próprias Corretoras que criaram esse vício e agora pretendem corrigir. Tomara que consigam, mas para isso é fundametal a união. Chico, você se candidatou para deputado. Foi por vaidade ou você tinha um desejo parlamentar?
C.A.
Não foi vaidade. Eu integro um projeto social e pretendia lutar pela causa do corretor. Hoje eu ando de carro zero, mas há 15, 20 anos atrás (sic) eu orava a Deus e pedia – Deus, eu quero um cantinho para colocar a minha pasta , uma mesa e um telefone para ligar. Hoje está uma maravilha.
B.C.
Aí você pediu a Deus e o Dirceu lhe deu (risos).
C.A.
Não, o mercado em si. Eu peço muito a Deus para abençoar os meus colegas para que eles vendam muito, tenham saúde, prosperidade…
B.C.
No próximo ano, no aniversário da sua Corretora, eu espero está aqui para testemunhar do seu crescimento…
C.A.
Você está fazendo um trabalho muito importante, mas antes de falar sobre você eu quero dizer uma coisa muito importante. Os ramos que eu estava perdendo de cliente que eu tinha oportunidade de vender também. Eu estava perdendo os meus clientes para os outros corretores que eram só seguros. E os meus colegas estão perdendo muitos clientes para corretores que vendem seguro do caminhão, da casa, da empresa. Pode ter certeza, mais de 18 mil corretores cadastrados na Susep todos estão vendendo saúde também. O corretorzão renomado, ele não vende (sic), mas ele criou um departamento, com uma menina, um rapaz, para tendender, que não tem a formação universitária da saúde, como nós temos. Eu mesmo tive oito anos de faculdade Amil.
Então, esse corretor de plano de saúde que está perdendo dinheiro porque não sabe vender outros seguros, nós fazemos cotação, fazemos tudo porque temos uma excelente relação com as segurdoras. A gente somente passa o comissionamento para o corretor.
B.C.
Muito obrigado pela entrevista.
AJJI Corretora de Seguros
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