Com mais de 40 anos no mercado, a Golden Cross tem uma história de idas e vindas e, claro, de renascimento. Depois de passar por uma crise operacional no final dos anos 90, quando a então sócia americana do grupo, a Cigna, deixou as operações da companhia após alegar prejuízos na casa dos US$ 400 milhões, a empresa, fundada por Milton Afonso, amargou a perda drástica de clientes e precisou se reinventar. Para isso, entrou em ação João Carlos Regado, urologista carioca de 65 anos, com MBA em administração pelo Copad (UFRJ) e experiência em gestão. Desde 2000, ele preside a companhia e é um dos responsáveis pelo reerguimento da operadora.
Agora, com a retomada do crescimento e a mudança no foco de clientes, que passou dos planos individuais para atuar majoritariamente com as micro e pequenas empresas, a Golden Cross aos poucos recupera a força. Hoje, são 970 mil clientes, uma rede com mais de 24 mil médicos, 1,2 mil hospitais e mais de dois mil laboratórios. O faturamento, que no ano passado ficou na cada de R$ 1,6 bilhão, neste ano deve atingir R$ 1,8 bilhão.
Segundo Regado, o mercado brasileiro, hoje aquecido, deverá passar por algumas mudanças nos próximos anos. Hoje existem cerca de 1,3 mil operadoras de planos de saúde e, na opinião do executivo, a chegada de novos investidores deve mudar a dinâmica do setor. “Nos próximos anos, o mercado brasileiro ficará nas mãos de 100 players, menos de 10% do que temos hoje”, prevê.
Coincidência ou não, no início de outubro a AmilPar, controladora da Amil, vendeu 85,5% de suas operações e 58,9% do capital da operadora de saúde. O comprador é o grupo norte-americano UnitedHealth, que desembolsou R$ 6,49 bilhões, o que parece constatar a perspectiva de futuro do executivo da concorrente.
Mesmo com esse movimento, Regado afirma que para a Golden Cross não interessa se desfazer de seus ativos. Ele revela que já recebeu visitas de outros grupos, mas que não teve nenhuma proposta formal. “Para nós, seria muito mais interessante uma parceria, que nos ajudasse a continuar crescendo.
Ao mesmo tempo em que esses investimentos começam a surgir, o Brasil lida com questões ainda fundamentais na área da saúde, como a regulamentação do setor, fiscalização dos planos e o combate às fraudes. “Esta é uma das questões mais preocupante,s pois nos impede de atender melhor quem realmente precisa de atenção”, alega Regado.
Some-se a isso o aumento da expectativa da população brasileira, que segundo último censo do IBGE, é de 73,4 anos, ante 48 anos em 1960. O fato vem fazendo com que as operadoras transformem os serviços oferecidos e concentrem parte dos esforços na medicina preventiva e na orientação das pessoas para que tenham maior qualidade de vida. “Para isso temos desenvolvido serviços como o acompanhamento telefônico dos pacientes. Estabelecer uma relação de confiança com os clientes é cada vez mais fundamental”, explica o executivo.
Colaboração: Mouser