Unimed-Rio busca saída para crise em reunião hoje
Por Beth Koike
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A Unimed-Rio realiza hoje mais uma reunião com representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sistema Unimed, Ministério Público e prestadores de serviços na tentativa de assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC) que ajude a solucionar a crise na operadora.
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Encontrar uma saída não será fácil. Após os médicos cooperados terem recusado fazer um aporte de R$ 500 milhões no mês passado, a nova diretoria da Unimed-Rio alega que o impasse financeiro pode ser solucionado com a venda do hospital e da sede, avaliados em R$ 750 milhões e R$ 170 milhões, respectivamente, pelos cálculos da cooperativa médica.
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No entanto, segundo o Valor apurou, os ativos imobiliários, ambos localizados na Barra, foram colocados como garantia de financiamentos e provisões obrigatórias de operadoras de planos de saúde. Com isso, parte do dinheiro arrecadado com a venda precisa ser destinado a esses compromissos. O endividamento da Unimed-Rio ultrapassa R$ 1 bilhão, sendo que a dívida de curto prazo é de cerca de R$ 430 milhões.
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Em caso de venda do hospital, parte do dinheiro está comprometido porque há cerca de dois anos a cooperativa usou R$ 350 milhões de sua reserva – conhecida no setor como Peona (provisão de eventos ocorridos e não avisados) – e o hospital foi dado como lastro dessa operação. As operadoras de planos de saúde são obrigadas, por lei, a provisionar um determinado percentual de suas despesas médicas. Se o hospital for vendido, os R$ 350 milhões precisam voltar para essa reserva. Além disso, o hospital foi colocado como garantia de um empréstimo estimado hoje em R$ 120 milhões com a Caixa Econômica Federal (CEF). Com isso, pelo menos R$ 520 milhões já estariam comprometidos, segundo fontes. A Unimed-Rio informou que as duas transações são passíveis de negociação com a ANS e o banco.
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No caso da sede da cooperativa, o imóvel foi arrolado na negociação da dívida tributária com a Receita Federal. Segundo a cooperativa é possível substituir a garantia.
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O outro caminho que começa a se desenhar é o sistema Unimed assumir a carteira da cooperativa do Rio. A ANS recomendou que a Unimed-Rio venda até o próximo dia 4 sua carteira com 828,2 mil de clientes ao sistema Unimed. Na prática, essa carteira teria de ser assumida pela Central Nacional Unimed (CNU) e Seguros Unimed, pois ambas têm atuação nacional. Porém, segundo fontes, a CNU e Seguros Unimed não têm interesse no negócio porque ambas já foram obrigadas a absorver parte dos clientes da Unimed Paulistana que quebrou em 2015. Na CNU, o prejuízo anual dessa carteira é de R$ 60 milhões e a taxa de sinistralidade chega a quase 190%. Já na Seguros Unimed, esse indicador gira na casa dos 140%. Para efeitos de comparação: uma operadora de plano de saúde lucrativa tem uma taxa de sinistralidade de 75%.
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Procurada, a Unimed-Rio pontuou que a recomendação da venda da carteira ocorreu antes do envio de uma revisão do programa de saneamento. Além disso, na visão da cooperativa, se houvesse um processo de liquidação, a carteira seria oferecida ao mercado e não a uma instituição específica.
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Apesar da resistência da CNU e Seguros Unimed, a ANS tem poder de para determinar a transferência de carteira como ocorreu com a Unimed Paulistana em 2015. Mas o caso da Unimed Rio é mais complexo devido à falta de opções de outras cooperativas na cidade.
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Na capital paulista, a CNU e a Federação das Unimeds do Estado de São Paulo (Fesp) se dividiram na empreitada. Na época, a Paulistana tinha cerca de 150 mil clientes com plano individual. Já a Unimed-Rio tem 282 mil pessoas com convênios individuais e 260 mil com planos de saúde por adesão.
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Na sexta-feira, a Fitch rebaixou o rating da Unimed-Rio de B para C. "A estrutura de capital da Unimed-Rio é insustentável, e coloca a companhia em uma posição altamente vulnerável e exposta a um evento de inadimplência e a sanções regulatórias de curto prazo", informou a agência classificação de risco. "Diante dos atuais desafios da companhia e sem mudanças materiais de capital, a Fitch acredita que a Unimed-Rio continuará a apresentar fluxo de caixa das operações negativo e alavancagem líquida superior a cinco vezes, sem considerar as obrigações fiscais de R$ 613 milhões, com base em junho de 2016", pontua a Fitch. (Colaborou Heloísa Magalhães)