Custos de emergência espontânea e tratamento de doenças crônicas podem ser minimizados se os planos de saúde apostarem em prevenção e informação de qualidade
Por Paloma Félix | V3 Comunicação
CURITIBA – O gasto anual dos brasileiros com serviços de saúde privada chega a R$ 282,6 bilhões. O valor, que inclui a parcela paga por empregadores, foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e se refere a 2019. A conta sai tão cara especialmente em razão do tratamento de doenças crônicas e de episódios agudos de emergência espontânea, que representam, respectivamente, 50% e 35% dos custos no setor de saúde, de acordo com uma pesquisa publicada pela Harvard Business Review. Existe, porém, um caminho que pode reduzir esses custos e evitar o agravamento de enfermidades: a medicina preventiva.
Há quase 20 anos, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vem orientando que as operadoras dos planos de saúde aumentem a fatia de investimento reservada para a saúde preventiva, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido nesse sentido.
“A medicina preventiva é totalmente benéfica para os planos de saúde. Primeiro porque ela evita o agravamento de doenças, já que possibilita o diagnóstico precoce e reduz o custo dos tratamentos, além de aumentar as chances de cura do paciente. Há estudos que mostram que a cada US$ 1 investido em prevenção, são economizados até US$ 5”, aponta Marcus Todesco, médico e responsável pelo serviço de Gestão de Saúde da Magicel, empresa que atua no segmento de riscos empresariais.
Além da redução de custos e do aumento nas chances de cura dos pacientes, investir em prevenção também é uma medida efetiva para reduzir as taxas de evasão dos planos de saúde que, de acordo com a ANS, perderam 5,4% dos clientes entre 2014 e 2018. Em planos corporativos, o trabalho conjunto da gestão da saúde de colaboradores pode, inclusive, reduzir as taxas de absenteísmo, aumentar a produtividade e melhorar o ambiente de trabalho.
Para Todesco, o grande desafio é a maturidade de entender que os resultados de investir em prevenção virão apenas no longo prazo.
“Se um paciente tem predisposição a desenvolver diabetes, é possível trabalhar de forma preventiva, recomendando atividades físicas, boa alimentação e oferecendo informação de qualidade. Os planos de saúde poderiam oferecer um pacote de academia, por exemplo, mas não o fazem porque não enxergam a efetividade, até porque o resultado vem a longo prazo e o tempo de permanência do cliente em cada operadora nem sempre é tão longo assim. Mas estamos trabalhando para mudar essa realidade”, finaliza o médico.