Na venda do São Francisco, Intermédica e Amil são favoritas

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Por Geraldo Samor

Executivos da UnitedHealth estão se acostumando com o calor de Ribeirão Preto. O presidente da Amil, Cláudio Lottenberg, e Molly Joseph, a CEO para as operações internacionais da UnitedHealth, já estiveram na cidade pelo menos duas vezes para conversas com o Grupo São Francisco.

As ofertas pelo grupo – um dos negócios hospitalares mais redondos do País – devem ser submetidas no dia 12 de abril à Goldman Sachs, que assessora os vendedores.

Fundado há mais de 100 anos em Ribeirão Preto, o São Francisco é uma rede de oito hospitais, 100 unidades próprias de atendimento e uma operadora de plano de saúde com 1,7 milhão de beneficiários.

Com as recentes aquisições do São Lucas e outros planos menores no interior de São Paulo (Santa Casa Saúde, Oral Brasil e um hospital em Franca), o grupo espera atingir 2,3 milhões de beneficiários, faturamento de R$ 2,3 bilhões e um EBITDA de R$ 330 milhões este ano. (No ano passado, o faturamento foi de R$ 1,8 bilhão).

O negócio é uma oportunidade rara de consolidação para os maiores players do setor: a Amil, que pertence à UnitedHealth e a NotreDame Intermédica (GNDI).

A Hapvida também tem interesse, mas, por não operar no Sudeste, tem menos sinergias com o negócio. Ainda assim, a aquisição seria a porta de entrada no Sul/Sudeste para a operadora fundada pelo Dr. Cândido Pinheiro – e uma alocação lógica para os R$ 3 bilhões que estão no caixa da empresa, depois de sua abertura de capital no ano passado.

Na Intermédica, a compra também seria a primeira grande aquisição do CEO Irlau Machado desde o IPO da companhia, que vale R$ 17 bilhões na Bolsa e executou uma estratégia agressiva de aquisições antes do IPO. A última foi a compra da GreenLine em São Paulo. A operadora possuía problemas na operação, mas a compra se justificou pelas sinergias.

Para banqueiros na Faria Lima, o tamanho da São Francisco inevitavelmente obrigaria a Intermédica a realizar um follow-on.

As empresas verticalizadas negociam na Bolsa a 17-18 vezes EV/EBITDA. Se sair nos mesmos níveis, a São Francisco deve ser vendida pou um cheque acima de R$ 5 bilhões. (A companhia não tem dívida).

A Intermédica já negociou o ‘funding’ para uma eventual aquisição junto aos seus bancos credores: um “bridge to equity” com Bradesco, Itaú BBA e Citigroup. Nesta modalidade, os bancos financiariam a operação e o repagamento estaria garantido pela oferta subsequente de ações da companhia no mercado.

Para a Amil, este seria o primeiro movimento estratégico relevante desde a entrada da UnitedHealth no Brasil – e da gestão de Lottenberg à frente da empresa. As sinergias da operação seriam significativas, uma vez que a Amil opera na mesma região, mas com um market share ainda pequeno.

Uma dúvida seria a aprovação no CADE. A Amil hoje é a segunda ou terceira nas cidades onde a São Francisco opera. Com a transação, passaria a deter mais de 30% de share.

Um fundo gerido pela Gávea Investimentos tem 29% do Grupo São Francisco; as duas famílias controladoras também são vendedoras.

Depois de investir na companhia em setembro de 2016, a Gávea instalou um de seus sócios, Erik Lassner, como CFO do grupo há cerca de um ano.

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JORNALISTA

Emmanuel Ramos de Castro
Amante da literatura, poesia, arte, música, filosofia, política, mitologia, filologia, astronomia e espiritualidade.

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