Há um simbolismo especial na celebração desta Sexta-feira Santa. Sexta-feira da Paixão do ano de 2020. Paixão que deriva do grego páthos = sofrimento.
Paixão de um Homem que num certo dia esteve aqui para trazer o amor, o perdão e a comunhão entre todos os homens, motivos pelos quais foi traído em troca de dinheiro e entregue aos poderosos de plantão para ser preso, condenado, humilhado, torturado, crucificado.
E se esse Homem voltasse hoje?
Como seria recebido por nós o andarilho, filho de um carpinteiro da Galileia, que dizia ser o Filho de Deus?
Qual seria a reação de um jovem rico de hoje, ao ouvir esse revolucionário dizer “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me”? Mateus 19:21
Para muitos a analogia pode soar como heresia, mas o covid-19 traz essa mensagem implícita, não no sentido literal, mas no sentido metafísico, como as palavras do Homem de Nazaré.
A Páscoa, que significa em hebraico, travessia, passagem, este ano, mais do nunca está carregada de simbolismos.
Nova Iorque, a cidade mais rica do mundo, está a enterrar seus mortos, tombados pela “gripezinha”.
O que significa a riqueza e a força do touro de Wall Street, perante o poder do invisível?
“Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos”. O Poder do Mito – Joseph Campbell (Amazon, R$ 68,36).
Sim, o mundo nunca mais será o mesmo, depois dessa dolorosa travessia!