O crescimento do mercado de seguros, incluindo os planos de saúde e previdência, exige dos corretores e das corretoras a ampliação da área de atuação.
O agente de seguros vem aí?
Diz a Superintendência de Seguros Privados (Susep) que sim. Só que ninguém entendeu como é que a Susep pretende regulamentar uma figura que não existe na lei.
Em algum momento, o agente de seguros deve ser incluído entre os participantes do sistema, mas não através de ato normativo, ou seja, isso não deve acontecer tão já. Mas será que o agente de seguros é a maior ameaça que pesa sobre os corretores de seguros?
Às vésperas de mais um congresso nacional da categoria, a análise merece ser feita.
Atualmente o corretor de seguros é o mais importante canal de distribuição dos produtos do setor. A posição foi conquistada pela eficiência dos corretores num mercado como o brasileiro, ao longo das últimas décadas. A grande alternativa para o corretor de seguros sempre foram, nos últimos 40 anos, as agências bancárias. Dada uma série de implicações legais, inclusive trabalhistas, as próprias seguradoras ligadas a bancos preferiram atuar através dos corretores de seguros.
Além disso, como no Brasil não há outra figura legal autorizada a receber comissões de seguros, várias organizações abriram corretoras para atuar no segmento.
É o caso das grandes redes varejistas, francamente interessadas em comercializar seguros de garantia estendida para os produtos vendidos por elas.
Nos últimos anos o setor de seguros brasileiro vem rapidamente mudando de cara.
Hoje não há como não se considerar os planos de saúde privados, planos de previdência privada aberta, capitalização e resseguro, além dos seguros tradicionais.
A soma do seu faturamento coloca o seguro como responsável por mais de 6% do PIB nacional.
Qual o espaço do corretor de seguros dentro do todo? Será que ele pode atuar em todas as frentes, com a mesma eficiência que lhe garantiu a hegemonia atual?
A resposta é não.
O setor tem mais ou menos o mesmo desenho em todas as partes do mundo e em nenhuma, onde o seguro é bem desenvolvido, o corretor de seguros detém uma participação de mercado como no Brasil.
Se não acontecer um desastre altamente improvável, neste ano e nos próximos o setor de seguros deve manter seu crescimento em patamar mais alto que a economia como um todo.
Isto não quer dizer que todas as seguradoras ganharão mais dinheiro, ou que o corretor de seguros tem seu futuro garantido quase que por inércia. Ao contrário, a evolução econômica do país cria variáveis que podem ter impacto negativo no resultado de mais de uma empresa.
A queda dos juros, o aumento da violência, os acidentes de trânsito, a maior utilização dos planos de saúde privados, o resgate de planos de previdência privada aberta são fatores que não podem ser ignorados.
Da mesma forma que é preciso levar em conta que o microsseguro ainda não decolou, faltam interessados em investir no país, grandes obras estão atrasadas, a internet será uma ferramenta comercial importante, vários tipos de atividades econômicas estão com dificuldade para contratar seus seguros, os seguros de veículos estão com sinistralidade alta e outros canais de distribuição vão se consolidando.
Estes tópicos são barreiras intransponíveis para o corretor de seguros se desenvolver?
Seu futuro é negro?
Ao contrário, cada dificuldade é um desafio que, superado, pode se transformar numa oportunidade de novos negócios.
Corretores individuais, que atuam autonomamente com pequena produção mensal, especialmente de seguros de veículos, estão com os dias contados. O que não quer dizer que eles não tenham chance de se recolocar no próprio mercado, passando a atuar dentro de unidades maiores ou com outro tipo de vínculo com a seguradora.
Da mesma forma, corretoras já consolidadas precisam ampliar a abrangência dos produtos ou da área de atuação.
Apenas como aperitivo, existem 18 milhões de residências sem qualquer tipo de seguro; setores econômicos que não conseguem cobertura; milhões de pessoas sem seguros de vida, etc.
O mercado está aí para ser feito. Quem entrar para valer tem tudo para se dar bem. .