Foi o que me ocorreu, hoje.
Apesar de tantas coisas acontecendo no mercado [ou deixando de acontecer], fiquei meio travado nesta manhã sem saber exatamente por onde começar.
Ocorreu-me, então, a ideia de aproveitar o clima primaveril que se aproxima e narrar a emoção que estou vivendo ao dividir o meu habitat com uma mamãe sabiá.
Fui testemunha do trabalho incansável dessa espécie de bípede emplumado que trabalhou exaustivamente para construir o seu ninho justamente na viga que suporta o alpendre do terraço com vista para o jardim da casa em que moro.
Dizem que, quando os passarinhos constroem ninhos ao redor da nossa casa, isso é um bom sinal(!).
Para não incomodar muito a minha hóspede, alterei um pouco a minha rotina, mas a fiz entender que ali ela estará segura.
Há uma semana aquecendo seus delicados ovos, a mamãe sabiá não voa mais quando eu passo em frente ao seu ninho. A não ser para se alimentar de frutas que agora eu coloco para ela ao lado de uma tigela com água fresca.
Agradecida ela canta e me encanta como a cotovia de Shakespeare que embalou o amor do casal mais apaixonado de Verona.
Como é simples ser feliz!
A sábia sabiá sabia disso.
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A construção do seu ninho foi uma verdadeira obra de engenharia das aves que só a Natureza é capaz de explicar
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Há sem dúvida quem deseje o impossivel,
Há sem duvida quem não queria nada –
Tres tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possivel,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…
Álvaro de Campos