A taxa Selic do Banco Central vem sendo utilizada, pelas sucessivas equipes econômicas dos sucessivos governos, como mecanismo de controle da inflação; as Operadoras de Planos de Saúde, por outro lado, utilizam os reajustes acima da inflação, como gatilho para controlar o que chamamos de “inflação médica”. É remédio que – para salvar o médico – sacrifica-se o paciente ou as Operadoras teriam alternativas?
As informações são da reportagem de Luciana Casemiro e Glauce Cavalcante em O Globo
.
Com o desemprego recorde e a economia patinando, mais de 1,5 milhão de pessoas deixaram de ter plano de saúde no ano passado. Mesmo assim, as Operadoras conseguiram aumentar seus ganhos: a receita das empresas cresceu 12%, e o lucro líquido aumentou 66%, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Segundo especialistas, a estratégia para obter resultados melhores em ano de crise é repassar a conta para o consumidor. Há reajustes de planos — equivalentes a 80% do mercado — que chegam a 40%. Nos planos individuais, o aumento foi de 13,55%, índice similar aos dos últimos dois anos. A própria ANS reconhece o problema e diz que a tendência é que os planos de saúde se tornem um serviço de elite.
O reajuste dos planos foi muito superior à inflação, que fechou o ano passado com alta de 6,29%. Mesmo assim, as contas não fecham para as Operadoras, muito menos para os usuários.
Os planos individuais, cujo reajuste é fixado pela ANS, praticamente não estão disponíveis no mercado.
Ao aumentar o preço da mensalidade, as Operadoras empurram mais consumidores para fora dos planos e não resolvem a pressão de custos médicos e hospitalares, que subiram 14% no último ano. Para analistas, há risco até de se inviabilizar o segmento.