Debate sobre o Dia Mundial da Saúde acende alerta para o futuro da área no Brasil, que desperdiça um terço do que é investido
Por Vitor Asseituno, médico e Presidente da Sami
SÃO PAULO — Um paciente em um consultório de clínico geral, que solicita diversos exames para entender o quadro de saúde. Passado alguns meses, em uma nova consulta com outro profissional médico, os mesmos exames são solicitados novamente. Parece familiar? Tal cenário é extremamente comum, mas ocasiona um grande problema para o setor a longo prazo — o desperdício de utilização e a insustentabilidade do financiamento da saúde, em geral feito pelos planos de saúde ou pelo governo (SUS). No Dia Mundial da Saúde, o compromisso com a realidade econômica da saúde e a melhora da relação médico-paciente-enfermeiro via tecnologia e prevenção é levantado por Dr. Vitor Asseituno, médico e Presidente da Sami, healthtech que visa ser uma alternativa aos planos de saúde tradicionais.
A busca pelo equilíbrio entre custo-efetividade, benefícios a longo prazo e a capacidade de financiar cuidados ao longo da vida esbarra no desafio de alocar recursos de maneira inteligente, maximizando saúde e qualidade de vida. Já apostamos em troca de dados com hospitais e laboratórios de forma pioneira para cruzar dados dos nossos pacientes com nossa rede parceira – evitando assim repetição de exames desnecessários e aumentando a agilidade no diagnóstico e tratamento -, e temos a atenção primária à saúde (APS)- médicos de família, enfermeiros e outros profissionais – como pilar central do cuidado, bem como a integração de benefícios e bem-estar como forma de promover a sustentabilidade do setor. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das dez principais ameaças à saúde global é a falta de acesso à atenção primária. Em um cenário de super-especialização, no qual temos especialistas para cada parte do corpo, a APS destaca-se como o ponto de partida e integração. Sua importância na promoção da saúde e prevenção de doenças é inegável, focando não apenas nas enfermidades, mas nas condições ligadas ao estilo de vida, à família e ao ambiente.
“Utilização responsável é a peça-chave para evitar que o sistema se torne sustentável para todos. O risco real de cada vez mais os brasileiros não terem acesso à saúde na velhice é uma chamada para a consciência. Precisamos adotar medidas preventivas para um futuro mais saudável, caso contrário, o encarecimento dos serviços será uma realidade cada vez mais dura”, afirma Vitor.
A aceitação e o aumento da credibilidade quanto ao uso da tecnologia tem progredido, fomentando novos modelos. A mudança tem que ser cultural, com um engajamento geral da sociedade, não apenas dos profissionais, operadoras e hospitais. Uma das formas de minimizar o impacto financeiro é facilitar o acesso, seja através da tecnologia ou com uma disponibilização mais abrangente de informações, adequando o cuidado a cada caso, focado na prevenção e promoção da saúde, e no fortalecimento da relação médico e paciente. “A telemedicina e o monitoramento remoto de pacientes, práticas já autorizadas e regulamentadas no Brasil desde dezembro de 2022, se mostram muito favoráveis à população, que tem sido mais aberta a conhecer essas novidades e reconhece as vantagens de receber cuidados contínuos em casa via dispositivos móveis e aplicativos baseados em Inteligência Artificial. Na Sami, por exemplo, 95% dos nossos atendimentos são digitais, com um nível de satisfação em 88”, afirma o especialista.
Prevenção e bem-estar também estão presentes na agenda dos RHs
A pauta de bem-estar e da oferta de vantagens nessa área também está cada vez mais presente nas empresas. Dentro do pacote de benefícios, um dos mais valorizados é o plano de saúde. O “convênio” é visto por grande parte dos trabalhadores como um item motivador e determinante na escolha de um novo emprego. Ao mesmo tempo, em que é um fator positivo, o convênio médico também é um desafio para as companhias por ter um valor elevado: é o segundo maior custo para as corporações, só perdendo para a folha de pagamento.
A Pesquisa de Benefícios da consultoria Aon, realizada com 929 empresas de mais de 30 setores, mostrou que, além da telemedicina representar um grande papel, com 86,3% das empresas oferecendo esse serviço, subsídios para incentivar os colaboradores a terem hábitos saudáveis também fazem parte dos benefícios de prevenção — 47,5% das companhias oferecem aplicativos esportivos ou de bem-estar. Os programas de prevenção consistem em ações educativas para conscientizar as pessoas sobre os benefícios de adotar comportamentos saudáveis. O objetivo das ações é melhorar a qualidade de vida dos empregados, tanto dentro quanto fora da empresa. Esses processos também estão focados na diminuição do impacto econômico da saúde nos custos das empresas.
“Nessa linha, o fato de incluirmos benefícios de academia em todos os nossos produtos teve um impacto gigante tanto na aceitação de um novo produto quanto em melhores índices de saúde das pessoas. Com certeza, está valendo a máxima “prevenir é melhor que remediar” e as pessoas estão entendendo isso”, complementa Vitor.