No final de 2011, fui convidado pelo presidente da Administradora carioca, o IBBCA, Cláudio Povoa, para um almoço em sua mansão, localizada num luxuoso condomínio, na Barra da Tijuca, reduto dos novos-ricos da Cidade Maravilhosa.
Numa conversa informal, que acabou transformando-se numa entrevista para o Blog do Corretor, veja aqui, Povoa verbalizou um desejo que parecia latente: “Em dois anos eu passo o Júnior” – confessou-me o presidente do Instituto Brasileiro de Benefícios para Cooperativas e Associações, Cláudio Povoa.
O IBBCA, sabemos, encontra-se há alguns “milhômetros” de distância da dimensão “qualicorpiana” (perdão pelo excesso de neologismo), mas o que o mercado não sabe (ou não sabia até a leitura deste post) é que, enquanto todos dormitavam, silenciosas transações selaram a assinatura de um milionário contrato, sinalizando assim que o Instituto deu alguns passos em direção a Andrômeda.
A costura foi muito bem feita e o silêncio foi sepulcral, caso contrário, este contrato jamais teria as suas firmas reconhecidas.
Em meados de dezembro de 2012, enquanto Ivete Sangalo levantava a poeira no Espaço das Américas SP, corria, em segredo maçônico, uma negociação, cujos desdobramentos, acreditamos, serão um divisor de águas para o rumo deste mercado e de seus atores; protagonistas e coadjuvantes.
A grandeza de Andrômeda e o seu conhecido e inquestionável poder gravitacional não foram suficientes para impedir que a Administradora carioca cooptasse a Unimed FESP – Federação das Unimeds de São Paulo e a CAASP – Caixa dos Advogados do Estado de São Paulo, uma das maiores contas em contratos por adesão, no Território Nacional, com aproximadamente 70 mil vidas e milhões de Reais em pagamentos entre as faturas da Unimed Paulistana, Sul América e Grupo Amil.
A turbinada carteira da CAASP, potência em faturamento e número de vidas, foi construída desde outubro de 1997, pela Divicom, época em que as vendas eram realizadas na antiga sede da CAASP, no Largo da Pólvora, bairro da Liberdade, e em seguida na Benjamim Constant, também no Centro de São Paulo.
Assim como o da AFPESP, o contrato da CAASP tem a sua peculiaridade. Mesmo após a aquisição da administração da carteira pela Qualicorp, a CAASP não deixou de ser Estipulante do contrato no qual ela (a CAASP) possui todos os direitos contratuais e é quem dita as regras e, por direito, em nome do corporativismo de classe, propõe conquistas de benefícios [além do aquém] para os seus associados.
O que pode parecer apenas a consolidação de mais uma parceria e mais uma opção para os mais de 350.000 advogados do Estado de São Paulo, pode significar também uma cefaleia para muita gente. Inclusive para aqueles que orbitam a periferia desses mundos – os corretores.
Sim, o método de comercialização do IBBCA também é peculiar: o advogado liga para um 0800 e, depois de identificado, recebe, por e-mail, uma desburocratizada ficha de adesão pela qual pagará uma taxa de R$ 15,00 (Quinze Reais)– “um valor justo”, segundo Lúcia Izabel Oliveira Costa, gerente de Sistema de Saúde da CAASP, enquanto Flávio Rodrigues, diretor comercial do IBBCA, garante que “todas as informações sobre o plano almejado serão transmitidas minuciosamente ao advogado, por e-mail” – enfatiza.
O que significa este acontecimento para o mercado? Este é o fulcro da questão.
Apesar de tudo o que foi feito, na tentativa de se evitar essa parceria – quem está na liderança não quer ameaças por perto – a Qualicorp continua com os seus produtos sendo comercializados normalmente. Nada mudou: Sul América, Unimed Paulistana e Amil – para advogados.
Já o mercado… ah, esse vai ter de se reinventar.
Taxa de adesão a R$ 15,00 – se esta for (recorrendo aqui a um tema sugerido para o Blog por Vera Bejato-Victory) uma “tendência de mercado”, será também o estopim que levará a explosão da bomba que causará a extinção do profissional “vendedor de plano de saúde”.
Pelo menos do jeito que é hoje.