Por Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – A suspensão da abertura de capital da Blau Farmacêutica, dona da marca Preserv, comprova a seletividade dos investidores para estreantes na bolsa brasileira. No entanto, conforme fontes, deve trazer pouco efeito para a longa fila de empresas que se forma para emitir ações no primeiro semestre deste ano, antes do início da volatilidade que deve ser gerada pela campanha eleitoral.
A Blau Farmacêutica, que seria a primeira oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na B3 em 2018, não atraiu apetite dos investidores. A empresa não conseguiu demanda suficiente no mercado para as ações que seriam ofertadas no âmbito da oferta. Os investidores também se incomodaram com o fato de a empresa ser muito dependente de contratos com o setor público.
Além da falta de atratividade do ativo, a volatilidade dos mercados globais nesta semana e aumento da cautela global, acabou prejudicando. “O sinal amarelo acendeu, mas esperamos que volte a car verde”, destaca uma fonte de mercado, lembrando que há boas operações no pipeline dos bancos de investimento para irem para a rua neste ano.
Já com pedidos para IPO na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estão a Ri Happy, Centauro e Neoenergia. O número de companhias com bancos já contratados, no entanto, é muito maior, entre elas o Banco Inter, Codemig e Almeida Jr, Notredame Intermédica, Hapvida, Saneago e uma subsidiária da JHSF. As empresas se preparam para fazer o pedido de registro ao regulador já nas próximas semanas, segundo fontes, o que possibilita que as ofertas possam ir para a rua a partir de abril.
Até aqui, as empresas mostraram intenção de buscar recursos para voltarem a investir em seus negócios, diferentemente do visto nos últimos anos, quando o interesse era redução de endividamento.
Em janeiro a PagSeguro foi o primeiro ativo brasileiro a abrir capital, mas escolheu a bolsa de Nova York, para uma emissão que girou cerca de R$ 7 bilhões.
As ofertas previstas para este ano seguem na esteira do bom ano de 2017, quando as emissões de ações no Brasil superaram os R$ 40 bilhões, o melhor desde 2009, desconsiderando a mega capitalização da Petrobras em 2010.