Missão mais recente é assumir as operações de quatro Unimeds baianas – Ilhéus, Santo Antônio de Jesus, Itabuna e Feira de Santana
A Central Nacional Unimed chega aos 20 anos, neste mês de agosto, com a casa em ordem. Maior operadora de planos de saúde Unimed, sexta do ranking da saúde suplementar, poderia desfrutar tranquilamente do clima festivo. Voltou, por exemplo, a ter resultado operacional no balanço de 2017 – R$ 64 milhões – depois de três anos com lucro centrado nos investimentos financeiros. E o resultado líquido foi o maior de sua história: R$ 132,5 milhões. Ganhou, também, este ano, selo ouro no programa de qualificação de operadoras da agência reguladora (ANS).
A CNU, como também é conhecida, é uma cooperativa cujas sócias são outras singulares e federações Unimed (326 distribuídas por todo o país). No final do ano passado, pesquisa pelo Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com o Cliente (IBRC) revelou que nove em cada 10 beneficiários estavam satisfeitos com os serviços entregues pela cooperativa.
Facilidade na marcação de consultas, agilidade nas autorizações, qualidade do atendimento e da rede credenciada, canais de comunicação disponíveis para falar com a Central Nacional Unimed durante 24 horas foram alguns dos itens mais bem avaliados pelos que responderam a pesquisa.
Apesar de tudo isso, com expressivos resultados das transformações realizadas na gestão desde março de 2017 (quando foi empossada a nova diretoria executiva, presidida pelo médico Alexandre Ruschi), o clima também de cautela.
"Os planos de saúde são um dos principais objetos de desejo dos brasileiros. Eles sabem que saúde não tem preço, mas desconhecem que tem custos cada vez maiores, pois a medicina é a única área em que mais tecnologia não reduz, e sim amplia custos", adverte Ruschi.
Ele teme ainda maior concentração do mercado, devido à interferência do Judiciário, que toma decisões emocionais contrárias ao que foi firmado em contrato entre operadoras e clientes. "O recuo da ANS no caso da Resolução Normativa nº 433, que regulamentava normas para a coparticipação e as franquias em planos de saúde, após a suspensão da RN pela ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, é um exemplo dessa insegurança jurídica e econômica."
Não significa que o presidente da CNU tenha entregado os pontos em relação à inflação da medicina, que teima em ficar na casa dos dois dígitos, contra aumento do custo de vida em torno de 4% este ano. "Estamos acelerando a migração do modelo assistencial para Atenção Integral à Saúde, mais racional e igualmente efetivo em termos de cuidados médicos."
Ruschi fala a partir de suas experiências bem-sucedidas. No ano 2000, enquanto parte das empresas se preocupava com o Bug do Milênio, ele presidia a Unimed Vitória e estudava a Atenção Primária à Saúde (na Unimed, Atenção Integral), modelo predominante em grandes países, como o Reino Unido.
Em 2017, 50 mil de 340 mil beneficiários da Unimed Vitória tinham este tipo de plano. Neste modelo de assistência, cada médico é responsável por uma carteira de clientes monitorados regularmente pela equipe composta por enfermeiros e técnicos de enfermagem, além do suporte multidisciplinar de fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo.
Os resultados comprovam a eficácia deste tipo de atenção à saúde. Um exemplo: a média de frequência de exames per capita dos clientes do Produto Unimed Personal nos últimos quatro anos é 43,65% menor em relação à carteira da Unimed Vitória, em todos os anos da análise.
"Com esta migração, vamos reduzir a sinistralidade (custo da assistência à saúde dos beneficiários) e aumentar a qualidade dos indicadores médicos. Isso evitará que mais operadoras fechem as portas por problemas financeiros", salienta Ruschi.
Fã das redes sociais, ele pretende lançar em breve a "CNU Digital", mais do que um programa, um compromisso de usar a tecnologia para que os serviços da Central Nacional Unimed possam ser acessados "na ponta dos dedos". Para tal, a operadora está investindo R$ 39 milhões este ano.
Em duas décadas, a cooperativa enfrentou grandes desafios. Teve de assumir parte ou totalidade das carteiras da Unimed São Paulo e Unimed Paulistana (na capital paulista), e das Unimeds Salvador, Brasília e São Luís, que enfrentaram dificuldades de mercado e administrativas.
Tem filiais e redes credenciadas nestas quatro cidades, nas quais recuperou a reputação da marca.
Agora, recebeu nova missão. Quatro Unimed baianas – de Ilhéus, Santo Antônio de Jesus, Itabuna e Feira de Santana serão agora prestadoras de serviços. As operações destas quatro singulares estão sendo assumidas pela CNU.
"É uma situação diferente das ocorridas em Salvador, São Paulo, Brasília e São Luís. No caso destas Unimeds baianas, houve uma reflexão sobre os desafios de um mercado que exige grandes investimentos e que sofre com judicialização, excessiva regulação e entraves aos contratos. Trabalharemos juntos para que os beneficiários destas cidades sejam muito bem atendidos, e para que as Unimeds locais se fortaleçam como prestadoras de serviços, sem os ônus da operação, mas gerando trabalho médico com remuneração justa e mantendo-se vinculadas ao Sistema Unimed".
Como se vê, ao completar 20 anos a CNU continua ousada e disposta a enfrentar os desafios da saúde suplementar brasileira.
Alguns números:
· 326 sócias – cooperativas e federações Unimed de todo o Brasil;
· 1.343 colaboradores;
· 1 milhão e 500 mil vidas em carteira;
· Rede credenciada com 214 hospitais, 183 laboratórios, 1.592 clínicas, 8.512 médicos, 1.454 multiprofissionais.
Em 2017
· R$ 5,1 bilhões de faturamento;
· R$ 60 milhões de resultado operacional;
· R$ 133 milhões de resultado líquido.
Projeção para 2018
· R$ 5,6 bilhões de faturamento;
· R$ 109 milhões de resultado operacional;
· R$ 147 milhões de resultado líquido.