Um dos primeiros contatos que mantive com Alessandra Matarello aconteceu nas dependências do Hospital Salvalus, quando por ela fui convidado para conhecer a estrutura do estabelecimento e divulgar no Blog.
Naquela época, o Salvalus integrava a rede verticalizada do Samcil, adquirido posteriormente pelo então GNDI.
Após deixar o Samcil, Alessandra passou pela Plena Saúde, DJ Atlantis (hoje Empire), Alper Seguros e finalmente Savvy, quando foi diagnosticada com um agressivo câncer.
Durante todo esse tempo, Matarello manteve contato comigo. Falávamos sobre tudo, família, mercado, política.
Acompanhei de longe a sua luta para vencer a doença.
Nunca percebi um sinal de desânimo na voz de Alessandra; nunca ouvi de sua boca lamentações.
Em novembro do ano passado ela me enviou uma mensagem propondo um café. Precisávamos pôr a conversa em dia.
Feliz com o convite, prometi que lhe avisaria quando fosse a São Paulo.
Aproveitei um dia que estava no Centro (SP) para gravação do Qualitalk e me coloquei à disposição para nos encontrar e finalmente bater um papo entre um gole e outro de um café quente.
Pela primeira vez, senti fragilidade na voz ofegante de nossa Alê(!)
“Querido, eu ia amar o nosso encontro, mas hoje estou no Santa Catarina para receber transfusão de sangue, plaquetas… porque a leucemia voltou. A gente tentou uma imunoterapia pra combater e ela não funcionou, agora eu estou me preparando para um novo transplante. Só que a medicação que eu tomo acaba com as plaquetas e as hemácias do organismo. Então, dia sim, dia não eu tenho que vir receber plaquetas. Mas vamos ver se a semana que vem a gente consegue tomar esse café. Eu vou amar te ver”.
Apesar de sua conhecida resignação, senti uma melancolia na voz de minha amiga. Suas palavras cansadas pareciam me dizer que ela estava conformada e preparada para o que estava por vir.
Impossível não ficar triste.
E eu fiquei.
Mais triste ainda foi o que senti na madrugada de domingo, quando li a nota que a família de Alessandra publicou em suas redes sociais.
Alessandra Matarello Passarinho havia partido.
Sem se despedir de mim.
Sem o café que havíamos combinado.
Ela deixou um marido que com ela ficou até os últimos momentos.
Deixou filhos, parentes…
Deixou também “um milhão de amigos” no mercado de planos de saúde.
Mesmo conhecendo Alessandra, eu não sabia que havia Passarinho em seu nome.
Agora, esse Passarinho se libertou das dores do corpo e do sofrimento do mundo.
E voou ganhando o infinito.
E agora está em todos os lugares, inclusive em nossos corações.
E o nosso café, Alessandra?
Será que um dia iremos tomar?
2 comentários em “O café que não tomaremos mais”
Manu, você é um amigo que a Alessandra amava muito!!
Me falava sempre de você e adorava acordar cedinho, para te contar alguma novidade para você publicar!
Agora ela descansou!! Mas estará olhando todos nós lá de cima.
Grande abraço!!!
Eu tbm tive esse mesmo sentimento, em novembro ficamos esperando marcar pars um cafe e boas risadas, e o cafe não aconteceu, estive no velorio domingo, para mim ela era um ser Humano fantastico, que transbordava luz, era impossivel ficar triste perto dela, Que deu conforte o coração do Junior seu espos e da sua filha!