A Golden se rende a globalização

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A Golden Cross, operadora carioca de planos de saúde, está em conversações com o fundo americano KKR para sua venda, segundo o Valor apurou.

Procurada, a Golden Cross confirmou que mantém conversas com vários investidores internacionais, mas não especificamente com o KKR, para receber um aporte. De acordo com fontes do setor, o fundador da operadora, o advogado Milton Afonso, de 91 anos, tem preferência por vender 100% da empresa e pede algo em torno de R$ 1,1 bilhão.

O negócio está sendo intermediado pelo Deutsche, banco contratado pela Golden Cross, mas as conversas com o KKR ainda são preliminares. O maior interessado em se desfazer da operadora é o próprio fundador, que vem enfrentando resistência dos seus quatro filhos, que são contra a venda. Um deles trabalha na empresa, mas a gestão executiva é profissionalizada. Desde os anos 2000, a presidência é ocupada por um executivo de mercado, João Carlos Regado.

Há cerca de cinco anos, Edson Bueno, fundador da Amil, também chegou a fazer uma oferta pela Golden Cross oferecendo R$ 800 milhões, mas a família Afonso bateu o pé em R$ 1 bilhão e o negócio não saiu do papel. Na época, não havia tanto interesse em vender o negócio.

Porém, de 2007 para cá, o mercado tornou-se mais seletivo, com maior concorrência e margens apertadas, o que teria feito o fundador mudar de ideia. No ano passado, o faturamento da operadora carioca cresceu 6,4% para R$ 1,6 bilhão, mas o lucro caiu 50%, ficando em apenas R$ 19,4 milhões.

Com 1 milhão de clientes, sendo que a maior parte é do Rio, a Golden Cross enfrenta um problema de posicionamento de mercado. Na praça carioca, concorre com a gigante Amil e em São Paulo não conseguiu expandir de forma substancial a sua presença. Neste setor, é importante ter uma atuação forte no mercado paulista, onde está a maior parte das sedes das empresas. Hoje, 70% dos planos de saúde são corporativos, ou seja, aqueles concedidos pelas companhias a seus funcionários.

Além disso, não consegue disputar os clientes das seguradoras de saúde que pagam mais pelo convênio médico, nem tampouco o público de baixa renda, porque não possui hospitais próprios para reduzir seus custos.

Ainda segundo fontes do setor, o fundo GP também analisou a compra da Golden Cross, mas recuou. Um dos problemas da operadora é um passivo fiscal que nos anos 2000 era de cerca de R$ 1 bilhão e hoje estaria na casa dos R$ 3 bilhões. O débito ainda é tema de discussão na Justiça e a operadora já venceu em duas instâncias.

Esse débito foi ocasionado após a operadora, que era uma instituição sem fins lucrativos, perder seu certificado de filantropia. Esse passivo está registrado na antiga Golden Cross, uma vez que foi criada uma nova operadora livre das dívidas.

Fundada em 1971, a Golden Cross já foi um dos maiores planos de saúde do país. Porém, na segunda metade dos anos 90, atravessou uma severa crise financeira, principalmente, por causa do fim da inflação alta. Na época, quase toda a rentabilidade da empresa era proveniente de aplicações financeiras. Prestes a fechar as portas, a Golden Cross fez uma parceria com a americana Cigna, o que lhe deu fôlego. Mas, dois anos depois, a Cigna rompeu o contrato e deixou o Brasil, com perdas de US$ 400 milhões. Do outro lado, a Golden Cross precisou se desfazer de todos os seus ativos, como hospitais e clínicas, para pagar suas dívidas.

Fonte: Valor

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Emmanuel Ramos de Castro
Amante da literatura, poesia, arte, música, filosofia, política, mitologia, filologia, astronomia e espiritualidade.

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