Amil descredencia 17 hospitais
Por Beth Koike | Valor
A Amil, maior operadora de planos de saúde com 3,6 milhões de usuários, propôs a vários hospitais um modelo de remuneração em que os procedimentos médicos têm valores fixos, com base nos preços praticados no ano passado e desconto. A operadora se dispôs a negociar e pagar as possíveis diferenças após três meses. A proposta desagradou aos hospitais que recebem, em média, 85 dias após a data de realização dos procedimentos. Com isso, a remuneração acabaria sendo feita após seis meses, segundo o Valor apurou.
A Amil descredenciou 10 hospitais da Rede D'Or, no Rio de Janeiro, no ABC e Osasco (SP). Em outras cinco unidades da Rede D'Or (em Brasília, São Paulo e no Recife), e nos hospitais HCor e Leforte, na capital paulista, apenas alguns tipos de plano terão o atendimento cortado a partir de 21 de junho.
Ainda segundo fontes, a Amil cortou hospitais localizados em regiões onde possui rede própria. No Rio, a operadora é dona de vários hospitais e está rompendo com toda a Rede D'Or. Em São Paulo, o descredenciamento não é tão radical. Parte dos usuários poderá continuar usando os hospitais São Luiz. Os cortes, normalmente, abrangem os planos mais básicos da operadora. Em abril, a Amil inaugurou o Samaritano Paulista, especializado em cardiologia e situado na região da Avenida Paulista. O HCor e o Leforte Liberdade ficam na mesma região.
Questionado sobre a legalidade do rompimento de contrato, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) informou que a legislação permite a troca de hospitais, desde que o padrão de qualidade e a região de atendimento sejam mantidos, mas destacou que a Amil não pode substituir os hospitais descredenciados por unidades de sua rede verticalizada. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que o processo está sendo analisado.
Ontem, a Federação Brasileira de Hospitais divulgou nota em que afirma que "ao impor às prestadoras de serviços condições exclusivas para sua permanência na rede credenciada do plano de saúde, a Amil coloca em risco a credibilidade e a confiança que os usuários de planos de saúde depositam na rede, evidenciando que os aspectos mercadológicos para o lucro da companhia são mais importantes que o pleno funcionamento de hospitais que são referência para a população."
A Amil afirmou, em comunicado, que "está empenhada em oferecer aos seus beneficiários cuidados de alta qualidade, uma melhor experiência do paciente e custos acessíveis." A operadora acrescentou que está alinhando sua rede de hospitais credenciados "com as mais recentes evidências médicas e modelos de remuneração que premiam os resultados clínicos e a experiência do paciente".
ESCLARECIMENTO DA AMIL
Com referência à publicação que trata deste mesmo assunto (aqui), a assessoria de imprensa da Amil, em contato com o BdC, esclarece:
O descredenciamento de hospitais é para todos os produtos. Para hospitais que sofreram o desnivelamento, o beneficiário terá que ligar no 0800 e consultar seu plano. Portanto, a informação de que "Nas primeiras horas desta manhã de segunda-feira (29), a operadora apressou-se em informar que, no que se refere a Linha One, o credenciamento da Rede D'or permanece inalterado", não procede.
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