Eu parto que nem ar,
sacudo os cabelos brancos ao sol
que se está indo embora,
derramo em remoinhos minha carne
e deixo-a flutuando em pontas rendilhadas.
Eu me planto no chão para crescer
com a relva que eu amo:
quando vocês de novo me quiserem,
é só me procurarem
debaixo da sola de seus sapatos.
Dificilmente saberão quem sou
ou o que eu quero dizer,
mas mesmo assim eu hei de ser para vocês
boa saúde, dando ao sangue de vocês
pureza e energia.
Se logo de saída não me acharem,
mantenham a coragem:
se me perderem num lugar, procurem
achar-me noutro:
em algum ponto eu hei de estar parado
à espera de vocês.
[Walt Whitman]