Cinco dias que abalaram a BR Insurance

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SÃO PAULO – A última semana foi um grande pesadelo para a BR Insurance (BRIN3) na Bovespa. Após divulgar seu resultado no dia 31 de março, as ações da companhia mergulharam para uma queda de 30% no dia seguinte; apresentando mais quedas nos 4 dias seguintes, a desvalorização nestes últimos 5 pregões chega a impressionantes 62,76%. A empresa vive um evidente clima de desconfiança por parte dos investidores e também por parte dos analistas, que estão ainda sem saber exatamente o que "recomendar" e o que projetar para os próximos resultados. Como cereja no bolo dessa onde de tensão, o presidente da empresa, Antônio José Ramos, afirmou que não se candidatará à reeleição e deve sair do cargo no próximo dia 6 de maio.

Mas e o investidor? O que fazer em meio a um movimento de queda de mais de 60% em uma semana? Ora, se os próprios analistas não conseguem dizer com exatidão o que será do futuro da empresa, não é possível cravar com toda certeza do mundo qual a melhor decisão a ser tomada. Mas como no mercado – e em quase tudo na vida – existe o lema de "na dúvida, não faça nada", o conselho dos analistas neste momento é: se não tem as ações, espere por um sinal claro de que essa queda foi exagerada para comprar; se você tinha ações antes do resultado e não vendeu durante toda esta queda, talvez o melhor seja esperar para entender o motivo por trás desta queda e, quem sabe, vender com um prejuízo bem menor – para recuperar a queda de 62,76%, o papel precisa subir 170%.

Compra? Ainda é cedo

Mesmo que a queda possa ter sido extremamente exagerada, ainda é muito cedo para dizer que a BR Insurance abriu uma oportunidade de compra, afirmam os analistas. Isto porque falta ainda um sinal claro de que os resultados futuros compensarão parte dos preços perdidos na Bovespa nestes dias. Segundo os analistas Francisco Kops e Giovanna Rosa, do Safra Corretora, o cenário da companhia ainda não permite esta afirmação. Para eles, este é um momento para esperar definições por parte da companhia, o que poderá justificar uma recomendação de compra ou de venda das ações.

Em meio ao cenário turbulento, o Safra rebaixou sua recomendação de compra para neutra das ações BRIN3 e ainda reduziu o preço-alvo dos papéis de R$ 23,80 para R$ 13,10 – mais que o dobro do último fechamento do papel (R$ 6,09).

Mesma opinião da equipe de análise da XP Investimentos, que afirmou preferir esperar os próximos passos da diretoria da BR Insurance antes de fazer qualquer recomendação. "Estamos buscando mais dados para saber o que podemos ter em termos de perspectivas para o ativo", diz o time da corretora em relatório.

Eles deixam claro, contudo, que embora o cenário de curto prazo tenha mudado após os resultados do 4º trimestre, o movimento de queda já passou dos limites da racionalidade e não corresponde ao desempenho operacional apresentado. Mesmo assim, todo cuidado é pouco agora, apontam os analistas. "Estamos empenhados em obter a conclusão desta análise da maneira mais correta e rápida possível. Mas, no momento, continuamos estudando com atenção. Dentro de pouco tempo, acredito que poderemos divulgar uma decisão clara a respeito do ativo", concluem a análise.

Apesar das incertezas, empresa tenta acalmar o mercado

Com os números de 2013, analistas passaram a duvidar do atual modelo de negócios da companhia. Toda essa desconfiança também reflete nos acionistas com maior participação na companhia. Na última quinta-feira (3), o fundo Fidelity Investment informou que vendeu 1,5 milhão de ações da companhia e reduziu sua participação de 5,05% – segundo dados da BM&FBovespa de 26 de fevereiro – para atuais 3,52%.

Por outro lado, a BR Insurance tenta acalmar o mercado. No final da última semana a empresa afirmou que as mudanças ocorridas na diretoria eram planejadas e que fazem parte do Projeto Evolução, que é coordenado pela Falconi e tem como objetivo o aprimoramento da gestão, tornando os processos operacionais mais eficientes e padronizados entre as subsidiárias da empresa. A assembleia para definir o novo presidente da empresa ocorre no dia 30 de abril.

O "péssimo" resultado da empresa

Todo o caos na empresa teve início com a queda de 58,5% no lucro contábil do quarto trimestre, que fechou em R$ 13,9 milhões. Segundo a companhia, esse desempenho ocorreu por causa da elevação das despesas administrativas, provisão para perdas em recebíveis, assim como pelo crescimento de cancelamentos de apólices. Apesar da queda do lucro, a receita da empresa subiu 12,9% no período e ficou em R$ 257,8 milhões.

"Os números referentes ao quatro trimestre foram tão mais fracos que nossas expectativas e as do consenso que o atual modelo de negócios foi colocado em xeque pelo mercado", afirmam os analistas do Safra, justificando sua visão pessimista para o futuro da empresa.

A XP também ressalta a série de ajustes (despesas administrativas, provisões e cancelamento de comissões) que convergiram para o resultado trimestral fraco e "em uma magnitude/evolução que, até então, não eram esperadas pelo mercado". Além dos dados operacionais, as questões societárias e administrativas da empresa começaram a ganhar maior atenção por parte dos analistas da corretora – sobretudo com a derrocada das ações nos pregões seguintes ao resultado.

Nem o recente anúncio do andamento do Projeto Evolução, movimento que visa trazer, até o fim de 2014, ganhos de eficiência e produtividade para a companhia, através de ganhos de sinergia em prol de benefícios para os acionistas, conseguem animar os analistas. Eles chegam a destacar que, normalmente, um anúncio desses e uma queda dos papéis poderia justificar uma recomendação de compra, mas nesse caso, as projeções de bons resultados no futuro para a companhia são muito pequenas.

O que aconteceu?

No relatório do Safra, os dois analistas resumem o que aconteceu com a BR Insurance nos últimos anos e que agora deixou claro o cenário complicado que a empresa tem daqui pra frente. Segundo eles os problemas são oriundos de um modelo que não vem mais entregando resultados, especialmente após a extinção do Verona.

"O Verona era o canal usado anteriormente na remuneração das 27 corretoras originais de acordo com desempenho por meio do pagamento de ações. Visando preparar a empresa para o término do período de earn-out do Verona, a BR Insurance anunciou no final de 2012 um novo sistema de remuneração para esses sócios, com o qual, na época, estávamos inicialmente positivos. No entanto, com a maturação de períodos de lock-up, sócios originais puderam vender ações BRIN3, reduzindo um possível alinhamento e motivação dos mesmos com a companhia" explicam os analistas.

Diante desse cenário, eles afirmam que, após o resultado do quarto trimestre, ficou claro que a companhia não encontrou ainda uma política alternativa de remuneração para substituir o Verona, e que o grande desafio agora é tentar encontrar esse mecanismo. Completando, a dupla do Safra lembra que com o papel descontado dessa forma, o caixa da companhia seria mais bem utilizado em um programa extensivo de recompra de ações, gerando maior valor do que a geração de novas aquisições.

 

Fonte: InfoMoney

 

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Emmanuel Ramos de Castro
Amante da literatura, poesia, arte, música, filosofia, política, mitologia, filologia, astronomia e espiritualidade.

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