Como a instabilidade financeira das operadoras impacta diretamente no preço dos benefícios

Moderador

Moderador

ANAB alerta que é importante que os agentes do sistema encontrem alternativas para identificar as principais fontes de desperdícios e os problemas na saúde suplementar.
O plano de saúde segue sendo uma prioridade para o brasileiro, mas com o aumento do endividamento, um reajuste anual acima da média pode dificuldade a manutenção do benefício por parte das famílias

Por ANAB | Roberta Vieira

As operadoras de planos de saúde tiveram um prejuízo de cerca de R$ 11 bilhões em 2022, de acordo com relatório divulgado esta semana pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que é a responsável por regular as empresas do ramo no país. O resultado tem relação direta com a demanda que foi reprimida no auge da pandemia e o aumento nas despesas com consultas, exames e outros procedimentos.  O maior prejuízo da saúde suplementar em 20 anos.

Entre 2021 e 2022, as receitas dos planos de saúde cresceram 5,6%, enquanto as despesas aumentaram 11,1%. “Uma conta que não fecha e sinaliza para um cenário de altos índices de reajustes”, indica Alessandro Acayaba de Toledo, presidente da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (ANAB) e advogado especialista em Direito e Saúde.

Pesquisa da ANAB mostrou que 47,5% dos entrevistados tiveram que ajustar o orçamento em 2021 para não perder o plano de saúde. O estudo revelou ainda que 83% das pessoas têm medo de perder o benefício. O endividamento das famílias brasileiras chegou ao patamar de 78,3%, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em 2022, este endividamento já tinha atingido a média recorde desde o início da série histórica em 2010. Agora, 11,6% das famílias entrevistadas relataram que não têm condições de pagar as dívidas e 44% estão com as dívidas atrasadas por mais de 90 dias. “Ainda que não queiram perder o benefício, por entender que o plano representa uma segurança – 3o. lugar em prioridade para o brasileiro, só perdendo para casa própria e educação – os ajustes nas contas das famílias precisarão de atenção este ano para fazer caber a mensalidade do benefício”, afirma o advogado especialista em Direito e Saúde.

A sinistralidade, indicador determinante para definir os índices anuais de reajuste, chegou a 89,21% no quarto trimestre de 2022. Isso quer dizer que a cada R$ 100,00 da receita dos planos, R$ 89,21 são destinados para o pagamento de despesas assistenciais. “Não foram considerados no resultado, que devem ameaçar ainda mais a instabilidade do setor, por exemplo, o rol exemplificativo, que sozinho vai acarretar num aumento ainda maior do preço para novos planos de saúde e no desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos vigentes”, esclarece o presidente da ANAB.

“A incorporação do remédio Zolgensma – considerado o mais caro do mundo (R$ 6 milhões) – em fevereiro deste ano, sem ter uma sustentação financeira muito boa, compromete a estabilidade da operadora e, por consequência, esse valor acaba sendo repassado em forma de reajuste”, explica Acayaba de Toledo. A saúde é um setor muito relevante da atividade econômica do país, com participação de 9,6% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com a Conta-Satélite de Saúde, estudo produzido pelo Ministério da Saúde, ANS, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

 “O debate deve acolher sugestões de toda cadeia do sistema, como fornecedores e distribuidores de materiais médicos e prestadores de serviços de saúde, compostos por médicos, clínicas, hospitais, laboratórios e estabelecimentos de medicina diagnóstica, recebem os insumos e serviços, criando a infraestrutura para atenção à saúde”, finaliza Alessandro Acayaba de Toledo, presidente da ANAB.

Compartilhar:

Facebook
Twitter
LinkedIn
Email

Deixe um comentário

Você pode optar por ficar anônimo, usar um apelido ou se identificar. Participe! Seus comentários poderão ser importantes para outros participantes interessados no mesmo tema. Todos os comentários serão bem-vindos, mas reservamo-nos o direito de excluir eventuais mensagens com linguagem inadequada ou ofensiva, caluniosa, bem como conteúdo meramente comercial. Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

JORNALISTA

Emmanuel Ramos de Castro
Amante da literatura, poesia, arte, música, filosofia, política, mitologia, filologia, astronomia e espiritualidade.

Categorias

Veja Também:

Fale com o Blog!