Em julho, despesas para cobrir o atendimento aos beneficiários consumiram 82% das receitas, chegando a R$ 13,5 bilhões; média por trimestre iguala período pré-Covid
SÃO PAULO – Os gastos das operadoras de planos de saúde em julho bateram recorde desde o começo da pandemia. Em julho, a sinistralidade – ou seja, o índice que mostra quanto das receitas dos planos de saúde foi consumido para cobrir as despesas com o atendimento dos beneficiários – atingiu 82%, o maior desde que o coronavírus chegou ao Brasil. Os dados foram apresentados no Boletim Covid-19 (julho), divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A sinistralidade no segundo trimestre do ano e a projeção para este terceiro trimestre ficam em 82%, sete pontos percentuais a mais que o primeiro trimestre. Assim, o índice se iguala ao terceiro trimestre de 2019 (pré-pandemia).
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) vê com preocupação a escalada de gastos. "Os números são reflexo do que o setor vem falando desde o fim do ano passado: mesmo com a pandemia, já havia uma retomada dos procedimentos não urgentes. Essas despesas, somadas aos gastos necessários para o tratamento da Covid-19, desencadearam um alto índice de despesas às operadoras de saúde, que podem comprometer financeiramente a operação de muitas delas, sobretudo as de pequeno e médio portes", pondera a diretora executiva da FenaSaúde, Vera Valente.
A FenaSaúde (que representa os 15 maiores grupos de planos médicos e exclusivamente odontológicos do país) fez um levantamento sobre o quanto essas operadoras já investiram para custear o tratamento de Covid para seus beneficiários, de março de 2020 até junho deste ano. São R? 16,8 bilhões pagos a hospitais, laboratórios e profissionais de saúde somente com exames de Covid e internações hospitalares (com ou sem necessidade de UTI).
Se forem considerados os atendimentos a pacientes com outras doenças que não o novo coronavírus, esse valor passa de R$ 62 bilhões, incluindo os custos de cirurgias eletivas e internações não Covid. Essa conta não considera itens como terapias e consultas.
Vera Valente ainda faz mais uma ressalva em relação ao futuro. "A junção da diminuição das restrições sanitárias em muitos Estados brasileiros com o aumento dos casos de Covid-19 ocasionados pela variante delta, infelizmente, vai obrigar muitas pessoas a procurarem atendimento médico. Ou seja, a última metade do ano se projeta bastante preocupante para o setor."
Aprovação em alta
Os planos médicos de saúde ganharam 1,7 milhão de novos beneficiários entre junho de 2020 e julho de 2021 em todo o país, segundo dados da agência reguladora. Ou seja, a pandemia acentuou a necessidade dos brasileiros de contarem com o atendimento de qualidade oferecido pelos convênios médicos.
Mas, além de volume, os planos de saúde conseguiram, no último ano, algo ainda mais importante: a avaliação positiva recorde dos serviços prestados.
É o que indica um estudo realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que mostrou que 84% dos beneficiários estão muito satisfeitos com os planos de saúde. Em 2019, esse índice era de 80%. Dentre os quesitos mais bem avaliados está o que se refere à cobertura dos planos de saúde, cuja aprovação passou de 15%, em 2019, para 25%, em 2021.
Para a FenaSaúde, a melhora na aprovação se deve, sobretudo, às iniciativas adotadas pelas operadoras de saúde no enfrentamento à pandemia, com esforços constantes por salvar vidas, desde atendimentos de emergência até o uso da telemedicina. "Isso só foi possível graças ao direcionamento de equipes e recursos para atendimento à Covid, capacitação, treinamento, além de investimentos na ampliação de leitos e na construção de novos hospitais", explica a diretora executiva da FenaSaúde.
Sobre a FenaSaúde
A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) é uma entidade sem fins lucrativos que representa 40% do mercado de planos e seguros privados de assistência à saúde e exclusivamente odontológicos. São filiadas da entidade as empresas Allianz Saúde, Amil, Bradesco Saúde, Central Nacional Unimed, Gama Saúde, Golden Cross, Itauseg Saúde, Metlife Planos Odontológicos, NotreDame Intermédica, Odontoprev, Omint, Porto Seguro, Somo, SulAmérica e Unimed Seguros Saúde.