Hapvida – a Ambev do mercado de saúde brasileiro?

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Qual o limite para a capacidade de investimentos da Hapvida?

Por Adriel Branco | XVI Finance

Já há algum tempo, viemos discutindo com alguns diretores de Unimeds clientes sobre algumas questões pertinentes sobre as movimentações de mercado: qual seria o limite para os investimentos da Hapvida? Até onde poderia ir o seu crescimento? Por fim, seria ela capaz de se tornar líder isolada de mercado, assim como ocorreu em outros setores

Todos nós conhecemos, por exemplo, o caso da Ambev e como a companhia consolidou-se no mercado de cerveja, sendo detentora de cerca de 60% a 70% do mercado nacional. Financeiramente falando, o crescimento poderá ser sustentável se realizado em equilíbrio entre o tripé formado por Estrutura de Capital (Endividamento), Liquidez e Rentabilidade.  Higgins (1977), por exemplo, defendia existir uma taxa adequada de crescimento sustentável para cada tipo de empresa.

O mundo acadêmico sempre foi instigado por este tema. Fiz inclusive o meu mestrado avaliando a sustentabilidade do crescimento de companhias no Brasil, com o intuito de conhecer melhor as causas da insolvência das empresas brasileiras.

O crescimento da Hapvida

Após a aquisição do Grupo São Francisco, tornou-se a primeira empresa a conseguir competir em praticamente todos os estados brasileiros com rede verticalizada, iniciando uma inédita concorrência em escala nacional ao Sistema Unimed. Este crescimento só foi possível devido ao seu acesso ao Mercado de Capitais, marcado pela Oferta de Ações em 2018, com captação de cerca de R$ 3,5 bi (Exame, 2018). Com este acesso, passou a poder fazer captações muito maiores e com menores custos, tais como por emissões de debêntures (dívida) ou por novas emissões de ações (capital de novos sócios). Portanto, a empresa passou a ter acesso a um praticamente infinito universo de capital para financiar seus projetos.

Recentemente, em maio/2019, emitiu R$ 2 bi em debêntures ao custo de 110% do CDI para aquisição do Grupo São Francisco. Se considerarmos o benefício fiscal da dívida, atualmente o custo efetivo estimado deste endividamento é de cerca de 4,65% no ano. Portanto, se a Hapvida conseguir manter sua taxa de retorno do capital investido (ROIC) de 16,9%, podemos concluir que foi um excelente investimento na relação de custo vs. retorno. Em breve, fará também uma nova emissão de ações, para captar mais R$ 2,6 bi (Exame – Link), podendo alcançar R$ 6,5 bi de Patrimônio Líquido. Lembra do tripé que comentei no início? Pois bem, temos:

1 – Endividamento: será de apenas R$ 2 bi, equivalente a cerca de 30% do Patrimônio Líquido de 2019. É comum encontrar o dobro disso no setor e, com este custo de captação, deverá se alavancar muito mais.

2 – Rentabilidade: Com sinistralidade inferior a 60% e margens Ebitda superior a 20%, a empresa vem apresentando retornos ao capital dos acionistas também acima de 20% a.a (ROE).

3 – Liquidez: Com 1,13 de indicador de Liquidez Corrente, a empresa possui capacidade de honrar suas obrigações de curto prazo sem nenhum problema.

Portanto, de maneira geral e bem resumida, a empresa possui sólidos indicadores financeiros. Considerando que seu ticket médio (R$ 177) é inferior a metade dos principais concorrentes, a Hapvida possui um vasto campo para continuar crescendo. Voltamos então à questão inicial. Qual o limite para investimentos da empresa?

Com acesso ao mercado de capitais, enquanto houver oportunidades de crescimento com aquisições e crescimento da base de clientes, a empresa não terá restrição financeira para realizar captações. Ou seja, sua capacidade de investimentos é praticamente ilimitada. Tecnicamente e pessoalmente falando, acredito que a HAPVIDA poderia sim se tornar a AMBEV do mercado de saúde brasileiro, crescendo substancialmente em cima das operadoras ineficientes, sem planejamento e gestão (muitas Cooperativas não possuem Planejamento Estratégico e nem Orçamento de Resultado para 12 meses).

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Emmanuel Ramos de Castro
Amante da literatura, poesia, arte, música, filosofia, política, mitologia, filologia, astronomia e espiritualidade.

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