Queda de braço entre Cooperativa e Administradora de Benefícios chega ao MP

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Documentos obtidos com exclusividade pela CBN mostram débitos duplicados em contratos de planos de saúde. Mais de 50 mil pessoas podem ter sido afetadas com um prejuízo estimado em R$ 38 milhões.


Por Pedro Duram

.O Ministério Público pediu a abertura de um inquérito criminal para investigar fraudes na Unimed FESP, uma das empresas do Sistema Unimed. Documentos obtidos com exclusividade pela CBN mostram débitos duplicados em contratos de planos de saúde. Os gestores da empresa poderão responder por crimes como lavagem de dinheiro e estelionato. Mais de 50 mil pessoas podem ter sido afetadas com um prejuízo que pode chegar a 38 milhões de reais.

Para o Ministério Público, há indícios de que a Unimed FESP tenha duplicado os valores de uso dos planos de saúde de cerca de 30 mil clientes com o objetivo de fazer um reajuste abusivo no valor de um contrato coletivo de aproximadamente 120 milhões de reais. A proposta da empresa era subir o valor em 32% de 2014 para 2015, baseando-se nos custos dobrados.

A denúncia partiu do IBBCA, que administra benefícios de empresas e entidades de classe. Nos cálculos deles, mais de 50 mil pessoas foram lesadas e o prejuízo coletivo pode chegar a 38 milhões de reais.

Documentos obtidos com exclusividade pela reportagem da CBN mostram débitos lançados mais de uma vez para pagar remédios, cirurgias, procedimentos hospitalares e consultas médicas. Os contratos eram da Unimed FESP com representantes de várias classes como a de advogados e de servidores do INSS.

No caso dos advogados, o contrato era com a Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo, o braço assistencial da unidade paulista da OAB. O prejuízo teria sido, em média, de 520 reais por consumidor.

O presidente do IBBCA, Claudio Santos, diz que a administradora de benefícios abriu mão de ser ressarcida, mas exige que o dinheiro seja devolvido para os clientes que pagaram a mais.

“Tem pessoas que no ano passado, quando eles deram o primeiro reajuste mais alto que nós começamos a brigar, que saíram do plano, que estão sem plano de saúde porque o valor era alto. Eu não posso ser conivente a um roubo. Esse nosso reajuste é fraudulento. É fraudulento, já tá comprovado, só que eles achavam que nunca ninguém iria descobrir. Nós descobrimos”, diz.

Neste tipo de investigação criminal, a responsabilidade recai sobre funcionários da empresa que praticou o golpe. Neste caso, os gestores, por exemplo. Segundo a promotora Cristiane Dilascio, da 4ª Promotoria Criminal de São Paulo, eles podem até ser presos.

“Por hora temos irregularidades suficientes pra se investigar o fato, que é o que vai ser feito, a polícia civíl vai fazer. Neste caso específico tem que analizar concretamente depois de toda a análise dessas provas. Temos crime contra a economia popular, temos crimes de lavagem de dinheiro, temos crimes de estelionato… Vai depender muito da análise que vai ser feita pelo Ministério Público depois da colheita de todas essas provas”, diz.

A CAASP informou está verificando os dados de uso dos planos e que não permitirá erros no reajuste, sob pena de uma ação judicial para defender os direitos dos advogados.

A Federação das Unimeds do Estado de São Paulo, a Unimed FESP, é um dos três braços do sistema Unimed que recebeu clientes da Unimed Paulistana, impedida de funcionar em setembro pela ANS por causa de problemas financeiros.

A Unimed Fesp declarou que desconhece a existência desta acusação, o que impede qualquer manifestação sobre o tema.

Para visualizar a planilha com os números, cique aqui!

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Emmanuel Ramos de Castro
Amante da literatura, poesia, arte, música, filosofia, política, mitologia, filologia, astronomia e espiritualidade.

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