Entrevista: José Seripiere Júnior
Qual a sua origem? Como era a sua família?
Eu era de classe média baixa. Classe média justa, vai. Sou filho de pais separados e minha mãe é uma lutadora. Trabalhava de domingo a domingo e ainda vendia as férias. Tinha pânico de perder o emprego. Eu fui privilegiado na minha casa e estudei em escola particular a partir da sétima série.
Quando começou a trabalhar?
Com 13 ou 14 anos comecei a trabalhar com um feirante, que era amigo do meu irmão. Depois eu fui caixa de uma lanchonete que a minha mãe abriu. Eu saía da escola e ficava lá das duas da tarde às nove da noite. Foi uma época maravilhosa. Aí o negócio não deu certo e minha mãe conseguiu uma vaga para mim na sorveteria Swensen”s. Com 18 anos, virei sacoleiro do Paraguai.
Como você foi parar no mercado de planos de saúde?
O fundador da Golden Cross, o Milton Afonso, era amigo do meu pai. Era uma referência de gente rica lá em casa. Um dia, fui com minha mãe a um jantar com ele no hotel Mofarrej. Durante a conversa, num certo momento, o Milton me perguntou o que eu fazia e eu disse: “se o senhor precisar de alguma coisa do Paraguai, eu trago para o senhor”. Sabe aquele perfume Azzaro? Calça Fiorucci? Dava uns trocados isso daí. Foi quando ele disse: “você é vendedor? Por que não vende plano de saúde?”
E quando você entrou na Golden Cross?
O Milton conseguiu que uma concessionária me treinasse. Quando cheguei lá, um carioca com um medalhão no peito me recebeu. Naquela época, eu era muito gago. E sob tensão piora, claro. Aí ele ligou para o Milton, na minha frente, e disse: “estamos com uma situação aqui. O senhor já me mandou de tudo para eu treinar e eu treinei. Mas gago não dá, Dr. Milton”. O fato é que o Milton deve ter respondido “vai ter que dar”.