Por Blog do Corretor
Em um país onde a máxima “jeitinho brasileiro” é frequentemente celebrada como uma espécie de astúcia nacional, não é de surpreender que o setor de saúde suplementar esteja imerso em um mar de fraudes nos reembolsos. Este fenômeno, que poderia ser mais apropriadamente descrito como a arte de tirar vantagem de tudo e todos, até mesmo da própria saúde, é um reflexo caricato, porém trágico, da cultura de levar vantagem a qualquer custo.
Vamos encarar a realidade: a fraude nos reembolsos é praticamente um esporte nacional, onde os atletas são aqueles indivíduos habilidosos no preenchimento criativo de formulários de reembolso e na manipulação artística de recibos. As operadoras de planos de saúde, por sua vez, assumem o papel de adversários nesse jogo desleal, lutando constantemente contra a maré de reivindicações fraudulentas que ameaça afogar suas finanças e princípios éticos.
Recentemente, fomos contatados por um proprietário de uma corretora que nos trouxe à luz um caso alarmante: uma de suas clientes teve seu itoken indevidamente utilizado por uma renomada clínica situada na região metropolitana de São Paulo. Até aí nenhuma novidade. Mas a cliente em questão se mostrou aberta a colaborar conosco na matéria, na qual pretendemos revelar os envolvidos na milionária falcatrua.
E quem paga a conta dessa festa? Como de costume, o cidadão honesto, que vê o valor de seu plano de saúde subir às alturas, enquanto sua carteira desce ladeira abaixo. Esse aumento nos custos é a herança maldita daqueles que transformam a fraude em um esporte, repassada generosamente para todos os usuários legítimos, numa espécie de “socialização das perdas” que só poderia mesmo prosperar em terras tupiniquins.
Não bastasse o prejuízo financeiro, o esquema fraudulento também mina a confiança no sistema de saúde, transformando cada pedido de reembolso em um episódio de novela, onde a burocracia é a protagonista e o usuário honesto, o eterno coadjuvante. O resultado? Uma saga interminável de papelada e desconfiança, digna de uma premiação por contribuir para o aumento do estresse coletivo.
Diante desse cenário, as operadoras são forçadas a desviar recursos que poderiam ser investidos na melhoria dos serviços para a criação de fortalezas burocráticas, destinadas a combater os dragões da fraude. E enquanto isso, o sistema de saúde suplementar brasileiro vai se tornando um verdadeiro labirinto, onde só os mais astutos – ou desonestos – conseguem encontrar um caminho.
A solução para esse enredo digno de uma tragicomédia? Uma dose cavalar de conscientização, temperada com tecnologia de ponta e uma pitada de vontade política. Talvez assim, possamos transformar o esporte da fraude em uma modalidade em extinção, e o “jeitinho brasileiro” em uma expressão de criatividade para o bem. Até lá, nos resta assistir à novela das fraudes nos reembolsos, torcendo para um final feliz que parece cada vez mais distante.