Agora, só depende da Amil!

agenciaweber

agenciaweber


Há quatro décadas não existiam no Brasil entidades de Defesa do Consumidor, assim como não existia também a Agência Nacional de Saúde -ANS, criada a partir da Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000, e até mesmo a Superintendência de Seguros Privados – SUSEP (1966),  ainda engatinhava enquanto  entidade autárquica, dotada de personalidade jurídica de Direito Público, com autonomia administrativa e financeira, jurisdicionada ao Ministério da Indústria e do Comércio até 1979, quando passou a estar vinculada ao Ministério da Fazenda.

.
Foi neste cenário de Big Bang econômico/financeiro, que surgiu o mercado de planos de saúde e assim funcionou até hoje, como uma frondosa árvore frutífera que, mesmo sem os cuidados necessários de poda e irrigação, produz frutos que alimentam pássaros, homens e insetos.

.
Muito tem sido cobrado da Acoplan, até mesmo este Blog tem feito coro às críticas dirigidas à Associação das Corretoras – acusada de inércia – acentuadas nesse processo que levou o mercado a uma crise de identidade e ao colapso de algumas empresas.

.
Mas, a Acoplan é uma entidade constituída de um processo democrático e portanto não toma decisões unilaterais ou baseadas na emoção em detrimento da razão. Ao contrário, utiliza-se do debate entre seus membros para,  então, se posicionar. Como ocorreu agora.

.
O Blog teve acesso ao teor da reunião ocorrida na última quarta-feira (03), no auditório do SINDISEGSP – Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização São Paulo da qual participaram, além dos associados da Acoplan, diversos representantes de operadoras.

.
Um passarinho muito bem informado pousou na janela do auditório com vista para o jardim e graças a sua colaboração o Blog torna público um pouco do muito que ali foi debatido. E o fulcro da questão foi essencialmente a regulamentação de um setor que funcionava (ou funciona) ao arrepio da lei, havia 40 anos.

.
Finalmente, uma proposta pela entidade que parecia dormitar, foi apresentada às 30 principais Corretoras e às diversas operadoras ali presentes, exceto a Amil (ela mesma!), que não apareceu e nem ao  menos enviou um representante.  O julgamento desta aparente omissão, ficará por conta do corretor.

.
Mesmo sem a Amil, a reunião prosseguiu  e a discussão  concentrou-se na proposta apresentada, considerada, de início, que esta atende às necessidades do setor e será, de longe, a alternativa menos traumática para a regularização da comercialização de planos de saúde.

.
Tendo em vista que, a partir de 2014 será inviável a atual forma de comercialização, as operadoras terão de encontrar uma forma de manter o nível de venda atual considerada essencial para a saúde financeira destas companhias, dada a escalada do sinistro em suas carteiras e a evasão natural de vidas mês a mês.

.
Se o amigo corretor sonha com a possibilidade de aumento no comissionamento, continue sonhando. No universo onírico, tudo é possível e as coisas acontecem sem nenhum custo. No mundo real, entretanto, as coisas funcionam de forma lógica e, baseada nesta lógica, a proposta apresentada é, por enquanto, a que mais contempla o setor como um todo, já que esta mantém as condições comerciais semelhantes às atuais, mantendo, ainda, os mesmos custos de hoje, porém, e aí está a grande mudança, pagas pelas operadoras, evitando que estas se desinteressem pelo projeto.

.
Do ponto de vista das Corretoras, a proposta regulariza a operação, uma vez que essas intermediárias receberão apenas pelo trabalho que prestam, que é o de apoio e fomento à venda, evitando assim que os tributos decorrentes do modelo atual de remuneração inviabilizem o negócio.

.
Da parte do corretor, este passaria a receber diretamente da operadora e para tanto deveria se transformar em Pessoa Jurídica, a fim de regularizar a sua situação, enquanto teria por outro lado a sua remuneração praticamente estável, apenas passaria a ter de recolher os seus tributos de forma direta, tornando-o ainda  mais independente.

.
Com isto, entre outros benefícios para ambas as partes, a idéia não impõe, mas propõe que as operadoras adotem a prática de “co-corretagem” entre as plataformas e corretores evitando assim os malefícios da bitributação. O corretor passaria a ser agente de vendas da companhia, e a plataforma a promotora de vendas dessas companhias.

.
Para melhor entendimento do corretor, apresentamos aqui um exemplo:

.
O corretor de salão de vendas receberia 200% de comissão menos impostos da ordem de 14%. Existiria ainda a figura do agente autônomo com uma remuneração menor, mas isto ainda é um ponto em discussão.

.
A plataforma receberia 100% para fomentar vendas e operar seu salão, no caso dos famosos “repasses”.  Este receberia 250% enquanto a plataforma, 50%.

.
Pontos positivos do projeto:

.
– Fim do não pagamento de comissão ao corretor por eventuais problemas da plataforma;

– Fim da informalidade e regularização do setor;

– Continuidade de produção nos níveis atuais;

– Possibilidade de investimento em treinamento e qualificação do corretor;

– Maior seriedade da relação entre os profissionais do mercado;

– Fim do leilão de comissões que tanto prejudica este mesmo mercado.
– Fim dos aventureiros que usam da boa fé dos corretores;

– Fidelização do corretor à plataforma para a qual presta serviços.

.
Segundo os idealizadores da proposta apresentada na reunião da Acoplan, os riscos deste projeto e do modelo atual são semelhantes do ponto de vista tributário e trabalhista, portanto, em tese, não há razões para a negativa de sua aprovação, por parte das operadoras.

.
O projeto foi muito bem aceito pelos participantes da reunião e a sua aprovação, enquanto proposta fez ecoar um uníssono “de acordo”.

.
Mesmo ausente, uma famosa Seguradora das Américas, já deu sinal de aprovação por intermédio de emissários. Somente a Amil, além de não mandar representante para um evento desta magnitude, a exemplo do Velho do Restelo – personagem criada por Camões em sua gloriosa epopéia Os Lusíadas (Canto IV), parece resistir a uma mudança que, além de beneficiar o corretor, vai regulamentar o mercado e assim beneficiar a todos.

.
Está agendada mais uma reunião para apresentar o projeto, agora lapidado, às operadoras e a responsabilidade de sua aprovação, ou não, caberá a Amil, caso se confirme a sua resistência às mudanças.
.
Aí, então, o corretor vai mandar a fatura para o Tio Sam.
.
NOTA:
Velho do Restelo –  simboliza os conservadores e os reacionários que não acreditavam no sucesso da epopeia dos descobrimentos portugueses, e surge na largada da primeira expedição para a Índia, com avisos sobre a odisseia que estaria prestes a acontecer.

Compartilhar:

Facebook
Twitter
LinkedIn
Email

Deixe um comentário

Você pode optar por ficar anônimo, usar um apelido ou se identificar. Participe! Seus comentários poderão ser importantes para outros participantes interessados no mesmo tema. Todos os comentários serão bem-vindos, mas reservamo-nos o direito de excluir eventuais mensagens com linguagem inadequada ou ofensiva, caluniosa, bem como conteúdo meramente comercial. Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

JORNALISTA

Emmanuel Ramos de Castro
Amante da literatura, poesia, arte, música, filosofia, política, mitologia, filologia, astronomia e espiritualidade.

Categorias

Veja Também:

Fale com o Blog!