Por André de Barros Martins
O ano de 2023 revelou-se um marco histórico no setor de planos de saúde privados no Brasil, trazendo consigo desafios e transformações significativas. Com um recorde de mais de 26% da população brasileira inscrita em planos de saúde particulares, onde cerca de 70% das contratações ocorreram via planos coletivos empresariais, o cenário evidenciou um aumento na sinistralidade, com a inflação médica variando entre 11,53% e 19,46% entre as principais operadoras.
Este aumento na sinistralidade decorre de vários fatores complexos, como o envelhecimento da população beneficiária e mudanças legislativas no comportamento de utilização do plano de saúde. Além disso, a ANS vem atualizando constantemente o seu rol, o que levou a um aumento de gastos assistenciais, com maior impacto nas terapias de baixo custo como as psicoterapias e terapias relacionadas ao tratamento do Transtorno do Espectro Autista. Estas mudanças, juntamente com o crescimento nos custos com novas medicações e tecnologias, exacerbaram os desafios nas negociações dos reajustes dos planos coletivos empresariais.
Curiosamente, na carteira da Alper Seguros, registramos um salto no impacto do reembolso de 3,92% em 2019 para 10,26% em 2022, ressaltando a necessidade de uma gestão eficaz da saúde populacional. Essa gestão envolve diagnóstico, ação, resultados e revisão contínua, complementada por estratégias como telemedicina e programas focados em públicos específicos, essenciais para resultados sustentáveis a curto, médio e longo prazo.
Do ponto de vista corporativo, os custos assistenciais diretos representam apenas 30% do impacto financeiro total relacionado à saúde dos funcionários, com os 70% restantes associados à perda de produtividade, problemas emocionais e absenteísmo. Isso destaca a importância de uma abordagem holística na gestão da saúde, considerando não apenas os custos médicos diretos, mas também o impacto mais amplo no bem-estar dos funcionários.
Além disso, a gestão eficaz de saúde requer a navegação por várias etapas, do reconhecimento de riscos até o controle efetivo, com a prevenção primária como um componente chave. A promoção da saúde, prevenção, gestão de doenças e manejo de casos graves são ações estruturadas fundamentais para enfrentar os desafios do setor.
Em resumo, 2023 foi um ano de mudanças significativas e desafios no setor de saúde privada no Brasil, exigindo das operadoras e empresas uma adaptação estratégica e uma gestão eficiente para enfrentar os novos desafios e aproveitar as oportunidades em um cenário em constante evolução, algo que esperamos ver intensificar ainda mais em 2024.